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29 de agosto de 2007

2º Se Rasgum no Rock

Nomes inusitados para festivais já está se tornando prática comum no cenário independente do Brasil, vide Vaca Amarela, Calango, Bananada, Jambolada e Algumas Pessoas Tentam Te Fuder. Em Belém, capital do Pará, o Se Rasgum no Rock é exemplo da estranha prática.

Chegando à sua segunda edição, o festival deste ano irá reunir 32 bandas nos dias 15 e 16 de setembro, no "complexo African Bar", que reúne o bar de mesmo nome e um palco na Praça Waldemar Henrique, no centro da cidade.

Entre os nomes de maior destaque na programação estão Cordel do Fogo Encantado, MQN, Móveis Coloniais de Acaju, Macaco Bong e a banda americana Nashville Pussy. Grupos locais e das regiões norte e nordeste do país também têm espaço no festival, ajudando ainda mais a descentralizar a nova música independente brasileira.

Os ingressos custam R$ 25 para estudantes e passaportes para os dois dias de shows podem ser comprados por R$ 30, até 9 de setembro, passando para R$ 40 até o dia anterior ao evento.

Programação completa:

15 de setembro. Sábado.

02:00 Móveis Coloniais de Acaju(DF)
01:20 MQN (GO)
00:45 Madame Saatan
00:10 Cravo Carbono
23:35 Cabaret (RJ)
23:00 Macaco Bong (MT)
22:35 Telaviv
22:00 I.O.N.
21:25 Johny Rockstar
20:50 Turbo
20:15 Lafusa (DF)
19:50 Ultraleve
19:15 Telesonic
18:40 Mr. Jungle (RR)
18:15 Filhos de Empregada
17:50 Monomotor
17:25 Quimera Porfia
17:00 Malachai

16 de setembro. Domingo.

00:15 Cordel do Fogo Encantado(PE)
23:40 Coletivo Rádio Cipó
23:05 La Pupuña
22:30 Norman Bates
21:25 Nashville Pussy (USA)
21:00 Rennegados
20:25 Delinquentes
20:00 Sincera
19:25 Sweet Fanny Adams (PE)
19:00 Attack Fantasma
18:25 Stereoscope
17:50 Stereovitrola (AP)
17:25 Hebe e os Amargos
17:00 SuperJack

Mais informações no site oficial.

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28 de agosto de 2007

falácia

Na quarta-feira passada fui a uma palestra intitulada "Música e tecnologia - produção, veiculação e escuta musical na era da cibercultura", comandada pelo Frederico Pessoa, em mais uma edição do Oi Cabeça, evento quinzenal organizado pela Oi Futuro no Museu das Telecomunicações em Belo Horizonte. Os encontros sempre abordam temas relacionados a arte e tecnologia e têm entrada franca, começando às 19:00. Bem interessante.

O parágrafo acima é apenas para uma breve contextualização, já que o tema deste texto foi suscitado pelas discussões daquela noite: a atual situação da música e seu passado/futuro, o modo como a ouvimos e sua distribuição.

Em uma postura de certa forma retrógrada e conservadora, Pessoa criticou o fato de na atualidade as pessoas não "apreciarem" a música como antigamente, separando o devido tempo para ouvi-la sem interferências externas, utilizando-a mais como uma forma de "fundo sonoro" ou uma "trilha sonora urbana".

Oras, há algum problema nisso? Segundo ele, sim. As pessoas já não analisariam a música à fundo, dando a entender que por isso a mesma fosse desvalorizada. Mas a questão que me vem à mente é: a música precisa ser estudada durante todo o tempo? Sua função não é divertir e dar prazer? Se eu (e a grande maioria das outras pessoas) simplesmente gosto de ouvir música e não tenho interesse em me tornar um estudioso da teoria (analisando escalas, tons, harmonia, etc) estou desmerecendo-a ao sair pela cidade com meu mp3 player, fazendo com que meu dia seja extremamente mais agradável?

A postura assumida durante a palestra em relação a esse assunto me pareceu tão absurda que me fez lembrar do mundo paralelo em que boa parte dos teóricos e acadêmicos vive (no caso, os músicos graduados, ressuscitando o clichê de amantes da forma e da técnica e não da sensação provocada). E, quando coloquei se o enorme volume de música consumida atualmente não seria extremamente benéfico tanto para o público como para os artistas, sua resposta foi mais ou menos essa: "...o problema é que, como você mesmo diz, a música é muito CONSUMIDA hoje, as pessoas a tem como um produto...".

Para dizer a verdade, talvez tenha sido justamente essa questão que tenha feito com que eu viesse até aqui escrever sobre a palestra. Porque,
colocada de tal forma, considero essa afirmação uma grande estupidez, de um saudosismo inexistente. A seu ver, antigamente a música não era consumida? Seriam os grandes concertos de música clássica, gratuitos, abertos ao grande público? Os compositores e músicos dos séculos passados não lucravam com sua arte?

A música, assim como a arte em geral, é consumida, nossa sociedade é capitalista e por isso é inevitável que ela se torne um produto. O ponto crucial é que à medida em que as intenções mercadológicas passam a interferir na criação intelectual, aí sim temos um (grande) problema, resultando em superficialidade e estratégias de divulgação para se lucrar mais e mais.

E, se pensarmos bem, talvez este seja o momento na história em que mais se teve (temos) acesso à música de graça, o que derruba as afirmações de Pessoa. Afinal, são milhões e milhões de downloads por mês e tecnologia barata para cópias de CDs e DVDs, permitindo que a música circule cada vez mais livre. O modo como nos relacionamos com a música pode sim ser "consumidor / produto", mas à medida que não pagamos e continuamos a ter acesso a essa mercadoria, trata-se de uma relação nova e instigante que preocupa mais aos desinformados e saudosistas.

26 de agosto de 2007

tired of being sexy

Matéria sobre o Cansei de Ser Sexy (ou CSS) na capa do MySpace, repare no inglês das meninas. Ah, tem The Go! Team na matéria também.



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25 de agosto de 2007

independência 2.0: Mugg

No ar há apenas um mês, o Mugg é uma das mais gratas novidades da web nacional nos últimos tempos. Inspirado no Digg, o Mugg é um agregador de notícias sobre música, criando assim um canal de informações no qual os próprios usuários definem o conteúdo.

Funciona assim: você encontra uma notícia interessante sobre música em qualquer site e, se quiser, a envia para o Mugg, clicando em um link específíco fornecido pelo serviço (e que você pode salvar nos seus favoritos, para facilitar) ou vai até o site e posta o link da notícia. Depois, é só escrever uma chamada para o texto com suas próprias palavras, por causa dos direitos autorais, e pronto. A partir daí sua notícia tem uma semana para receber no mínimo quatro votos e ser publicada no site.

Mugg - O seu setlist de notícias

Caso você tenha interesse em publicar um texto de sua própria autoria, também há espaço para isso. Como os próprios criadores do Mugg escreveram no site, essa é uma ferramenta que pode ser utilizada para "falar sobre sua banda, colocar links para vídeos e downloads, fazer resenhas de shows a que foi, Cds que ouviu", etc.

Quando se tem pouco tempo para navegar e interesse nas novidades do mundo da música, o Mugg é uma boa pedida (viciante, diga-se). É, principalmente, uma maneira de se manter atualizado em pouco tempo.

Mas a melhor parte é que os usuários têm um incrível bom gosto para a música e a maioria das notícias dizem respeito a nomes do rock ou da eletrônica. Agora, por exemplo, enquanto escrevo este texto, as matérias de destaque na capa incluem uma sobre o The Jesus and Mary Chain, que anunciou novo álbum depois de quase 10 anos, e uma sobre a oferta de quase U$75 milhões para uma turnê de retorno do The Smiths, 20 anos após seu fim (oferta recusada).

Para agilizar ainda mais o acesso à informação, estão disponíveis feeds para as notícias publicadas e também para as que estão na fila de votação. Além disso, um widget, como este que você vê abaixo, também pode ser colocado em blogs e sites, mostrando as notícias mais recentes.




Outros textos da série:
Virb // 8P // imeem // Jamendo // iJigg

23 de agosto de 2007

o nosso lixo é melhor que o deles!

Durante a criação de qualquer produto cultural, é sabido que pequenos detalhes podem resultar em alterações drásticas e que o resultado final é, na maior parte do processo, uma incógnita para seu criador.

Músicas deixam de entrar nos álbuns por não serem consideradas boas o suficiente; o produtor adiciona um feito diferente na guitarra e grava o vocal baixo demais; uma palavra é alterada na letra, de última hora; o executivo do estúdio manda o cineasta tirar uma determinada cena; seu amigo acha que falta contraste na foto; e por aí vai...

Todos os acontecimentos citados acima são exemplos de intervenções que acontecem antes de o produto final chegar ao público. No jornalismo não é diferente. São exigências do editor, limitações de tempo, a incansável busca por sinônimos, etc. E em muitos casos, você simplesmente lê tudo aqui em que ficou trabalhando durante horas e se pergunta "mas que merda é essa?" ou tem o famoso bloqueio criativo. Você está escrevendo e...

Trava. Sim. Com a gente não é diferente. Às vezes você tem realmente que começar tudo de novo, a partir do zero, e tentar entender o que estava errado, o que faltou. Imagino que em diversas outras redações a situação seja parecida. Ao menos na redação em que trabalhava era assim.

E para aqueles que não estão acostumados com os bastidores jornalísticos, esse é um post especial, dedicado a alguns textos inacabados ou que simplesmente não chegaram a ser publicados no Meio Desligado.

Aproveite (ou não, afinal, os textos sequer foram publicados devido à dúbia qualidade).

*

Título: o jornalismo bebum picareta de terceiro mundo

Mesmo que você não seja do ramo é bem provável que já tenha ouvido sobre diferentes formas de jornalismo, como o mentiroso dos jornais diários, o literário e o gonzo. Outro estilo jornalístico, bem menos badalado e nem por isso menos praticado, é o jornalismo bebum picareta de terceiro mundo. Algumas de suas características essenciais são os lapsos de memória que ficam evidentes no texto e a alta quantidade de álcool no sangue do autor. As constantes tentativas de desviar a atenção do leitor do assunto proposto, já que, na realidade, o jornalista bebum picareta de terceiro mundo tem pouca condição de se aprofundar no tema, é outra característica marcante.

Pode parecer complicado como ler um texto original do Saussure, mas, no fundo, é bem fácil. Mas antes de chegarmos ao nosso exemplo, vale lembrar uma coisa importantíssima: esta não é uma prática comum a nós do Meio Desligado. Nããão, não. Trata-se de um exercício empírico estilístico experimental xamãnístico sociológico que vem sendo desenvolvido, lentamente, há cerca de quatro anos. Sim, é verdade. Juro pela sanidade mental do David Lynch e pelo puritanismo do Cláudio Assis.

*

Noite de sábado, 7 de julho de 2007. Mais uma Noite Alto-Falante (ainda na ressaca da dupla vitória do programa no Prêmio Toddy de Música Independente), desta vez com shows do monno e Superguidis, que está lançando seu segundo álbum depois de uma bem-recebida estréia.

Público mediano na Matriz (as pessoas preferiram ficar em casa e assistir ao Live Earth?), boa discotecagem, uma grana razoável na minha super-cool paper-hand-made pocket e uma constante alternância entre Bhrama's e Skol's (além do aquecimento em um buteco próximo).

Não querer ser chato pode acabar atrapalhando sua atividade. Os membros do monno e do Superguidis estavam cada um deles entretidos em conversas paralelas, melhor não interromper. "Vamos beber mais um pouco".

Jogo da seleção na tv, conversas sobre algum filme do qual não me lembro e planos mentais sobre minha viagem de 1300 km. Odeio longas viagens de ônibus, acidentes, todas aquelas batidas entre motoristas sonolentos (ou simplesmente tapados), estradas esburacadas... Putz, hora do show do monno. "Tudo bem, vamos pegar umas cervejas e ver o show. Depois conversamos com eles".

Se não me engano, é a terceira ou quarta vez que os vejo ao vivo e a cada show estão melhores.

*

título: UDR
[matéria escrita para a filial imaginária da New Musical Express no Brasil]

Imagine uma banda que:

1. em sua comunidade no Orkut só tem tópicos do nível de "Minha primeira relação com fezes", "ANÃO TRAVECO STRIPPER", "as paraliticas + sexys do mundo!!!" e "Vcs levariam Jesus para casa?", só para citar alguns.
2. seu maior "hit" é intitulado "bonde da orgia dos travecos"
3. crucificou um sujeito durante um show, em pleno palco
4. se auto-denomina como criadora do sub-estilo "funk satânico"
5. tem letras como "é isso menininha, não fique no meu pé / jesus pode te amar, mas só a UDR te quer / fogo do capeta, brava na calcinha / deformo sua buceta e arrombo a tua bundinha"
6. se envolveu em pendengas judiciais por difamar os pais dos integrantes de uma banda curitibana, hype dos últimos tempos

Esses são apenas alguns poucos exemplos do que é a U.D.R...

ilustrações: Dove! / on green satellite / voxphoto

19 de agosto de 2007

independência 2.0: Virb

Entre as diversas redes de socialização virtual, a Virb é uma das melhores. Baseado na disseminação de conteúdo artístico, o site destaca-se pelas possibilidades de personalização oferecidas e pelo volume de material que pode ser enviado.

Rápido, fácil de usar e com um ótimo design, o serviço tem tudo para desbancar seu rival mais famoso, o MySpace. Lançado no início de 2007 pela Virb Inc, mesma empresa responsável pelo PureVolume, o Virb mistura elementos dos dois serviços citados (MySpace e PureVolume), permitindo aos usuários adicionarem aos seus perfis diversas músicas, vídeos, fotos e blog. Outro diferencial em relação ao MySpace são os bonitos e funcionais players de áudio e vídeo e a possibilidade de importar os textos de um blog publicado em outro local, através de seu feed RSS.

Na hora de se cadastrar, você escolhe entre o perfil pessoal, banda, organização ou selo, e partir daí todas as opções serão moldadas de acordo com sua escolha. Um dos grupos alternativos brasileiros que já aderiu ao site foi o Vamoz!. No exterior, a página da cantora Feist (atração do Tim Festival deste ano) é uma das mais acessadas, assim como a dos australianos do Architecture in Helsinki.

Alguns exemplos do que pode ser feito em termos de personalização da página através de CSS e HTML estão aqui, onde você também pode conhecer mais sobre o site.

Outros textos da série:
8P // imeem // Jamendo // iJigg


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17 de agosto de 2007

independência 2.0: 8P

{ Esta é uma série de textos sobre sites e serviços da chamada web 2.0 que podem ajudar bandas independentes a divulgar seus trabalhos, também sendo úteis para fãs destas mesmas bandas e a todos os interessados em música }

Alternativa ao já batido e restritivo Fotolog, o serviço brasileiro 8P é uma boa alternativa para aquelas pessoas que postam fotos com pouca frequência ou que não precisam armazenar arquivos de imagem em alta resolução (para estas, o grande e, até o momento, imbatível Flickr continua sendo a melhor opção).

Criado pela Globo.com, o 8P mistura elementos característicos dos flogs à importantes funções do Flickr, como a possibilidade de se criar álbuns para as fotos e colar "adesivos" com mensagens em determinada área de uma fotografia.
Todas as imagens enviadas ao servidor são redimensionadas para uma baixa resolução e cada usuário pode postar até 1 mil fotos por semestre, sendo que esta quantidade é acumulativa. O template da página pode ser personalizado e, assim como no Flickr, as fotos podem ser enviadas para diversos grupos temáticos, como um sobre celebridades da internet, e este outro, sobre capas de álbuns "clássicos", seja lá o que o moderador do grupo entenda por isso.

Ainda não muito popular, o 8P tem entre seus principais defeitos, seus usuários. Sim, você leu certo. O site está infestado de adolescentes babões, garotinhas expondo suas vidinhas patéticas e tiozões crus em termos de internet e que ainda acreditam que todos aqueles perfis de mulheres gostosas são reais. Isso sem contar a incrível atração pelo kitsch presente na maioria dos perfis, mesmo com o serviço possibilitando a construção de páginas bastante aceitáveis.
Entre os poucos perfis realmente bons, estão o de um ursinho de pelúcia bebum chamado Lindolfo (pouco atualizado), que você vê na foto.

No fim, acaba sendo uma opção até interessante para artistas que querem atingir um público diferente e não têm um grande volume de imagens a serem postadas constantemente. Para tirar o máximo de proveito, basta não reparar a vizinhança.

Outros textos da série:
imeem // Jamendo // iJigg

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12 de agosto de 2007

Cuiabá: uma cena criada em laboratório

"Arte engajada, em Cuiabá, deixou de ser ´caminhando, cantando e seguindo a canção´ para ser ´caminhando, cantando e carregando caixa´. Arte engajada não é mais o que você escreve na sua letra, mas sim o que você faz". A frase de Pablo Capilé, uma das mentes por trás da movimentada cena independente de Cuiabá, reflete muito bem como as coisas funcionam na "Hell City" brasileira.

Enquanto em outros lugares as cenas geralmente nascem de modo natural e desorganizado, em Cuiab
á a coisa é metodicamente pensada, planejada, articulada e executada do modo mais profissional possível, com todo mundo atuando de algum modo. E se o rock independente cuiabano hoje é conhecido em todo país, muito se deve ao Espaço Cubo, do qual Pablo é um dos fundadores. O trabalho desenvolvido pelo instituto vai desde formar tecnicamente músicos até auxiliá-los na hora de colocar o pé na estrada, passando por oferecer um palco para as apresentações e suporte para divulgação do trabalho.

Entre um "saca" e outro Pablo foi, aos poucos, nos ajudando (eu e Thiago Foresti - jornalista de SP) a enxergar o que é a cena cuiabana e a montar o quebra-cabeça que é o Espaço Cubo, com suas diversas frentes de trabalho atuando como múltiplos braços por todo cenário musical cuiabano.

Cenário pré-Cubo

Em meados da década de 1990, Cuiabá era dominada por bandas covers e quem se arriscava a desenvolver um trabalho autoral não encontrava palco para tocar. Daí a necessidade de trabalhar na formação de uma cena para que uma produção mais interessante surgisse na cidade. "Nos anos 90 teve um show dos Garotos Podres em Cuiabá e lá morreu um cara. Depois que rolou isso a resistência com relação ao movimento rock, underground e alternativo ficou maior e com o tempo o circuito de bar cover foi o que começou a predominar", explica Bruno Kayapy, guitarrista do Macaco Bong – talvez a melhor banda da cidade.

Sem palco não há cena

Com a realização da 1ª edição do festival Calango, em 2002, os produtores da cidade perceberam que não havia uma cena na cidade e que era necessário dar continuidade ao trabalho incentivando uma produção autoral e formando público. "A gente precisou trabalhar o processo de criação de uma cena e o Espaço Cubo veio num primeiro momento fomentando o trabalho autoral para a gente sair do circuito de bar. O segundo ponto foi fazer os eventos periódicos", diz Ynaiã Benthroldo, baterista do Macaco Bong.

Consolidado o Calango (que realiza sua 5ª edição nos dias 31/08, 01/09 e 02/09) e com a criação do Grito Rock (que se espalha por todo o país durante o carnaval) e da Semus (Semana da Música), o calendário de festivais em Cuiabá se fortaleceu incentivando os artistas locais e proporcionando intercâmbio com bandas de outros locais do país. Dentro dessa perspectiva, a criação da Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes) contribuiu muito para articulação independente ao unir vários festivais em uma única associação. Hoje, a Abrafin conta com 22 festivais e acaba de receber uma verba de R$ 2 milhões do governo através de leis de incentivo. "Em Cuiabá, temos o Calango, o Grito Rock e a Semana da Música na Abrafin. Acho que Cuiabá é a cidade que mais têm festivais dentro da Abrafin", arrisca Pablo ao apontar os resultados do trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2002 pelo Espaço Cubo.

Com a criação do Circuito Fora do Eixo, em 2006, o cenário ganhou ainda mais gás criando uma articulação fora do eixo RJ-SP e permitindo o crescimento do cenário independente em regiões antes ignoradas pelos grandes centros como o Norte e o Centro-Oeste. "Como os cenários locais estão cada vez mais fortalecidos, as bandas podem funcionar localmente. Elas não precisam mais pensar na perspectiva de estourar nacionalmente. As bandas hoje já conseguem sobreviver no circuito Centro-Oeste – Norte", garante Pablo.

O Cubo é visto por Pablo como um projeto visionário que não trabalha para alcançar um objetivo, mas sim para avançar dentro de um conceito. Além disso, segundo ele, o Cubo trabalha com um esquema de códigos abertos, o que permite uma transformação constante do instituto. Para Bruno, "a partir do momento em que uma cena se forma ela tem obrigação de deixar de pensar como cena e passar a pensar no mercado. Ela tem que pensar cadeia produtiva, então isso já abre outro leque e leva as entidades a se aglutinarem e a começar a partir para um outro estágio".

Nova lógica

Pautado pela organização e pelo engajamento, o Espaço Cubo atua como uma empresa com núcleos responsáveis por cada área enquanto Pablo age como um gerente, cobrando de todos e garantindo que a máquina ande. Para ele, a criação do Cubo Card foi o principal fator que levou a cena cuiabana a movimentação que ela possui hoje. "O Cubo Card é um sistema de crédito que fez girar a cena toda. O cara começava a trabalhar como roadie e recebia um número x de crédito com os quais podia ensaiar, gravar, entrar de graça em shows, comprar cds.....".

O Cubo trabalha com a idéia de que a lógica hoje é outra e o que emperra a cena em outros locais, para Pablo, é a dificuldade de algumas bandas perceberem a mudança. "As grandes gravadoras já acabaram. Quando você sabe que algo daqui a cinco anos não vai funcionar mais é porque ela já morreu. Quem estourou depois da Pitty? Ela é a última e ponto! Acabou aquela lógica. Existem os que já estão no altar, mas o resto é cena independente. A lógica inverte porque ao invés de ter cinco na major, tem 200 rodando o país".

Outro problema detectado pelo Espaço Cubo são os vícios que imperam na maioria das cenas. De acordo com Pablo, como as cenas geralmente nascem com a música como fim, elas acabam ficando suscetíveis a vícios como o amor à causa, a atitude rock and roll, o sexo e drogas. "Esses elementos estão muito próximos do ambiente rock e quando esse ambiente se pauta nesses elementos ele se torna extremamente alienado. Essa coisa do cara estar fazendo por amor é balela".

Avesso ao regionalismo, Pablo acredita que não há mais espaço para isso na música atual. Ele defende a diversificação e ataca: "O rock gaúcho é um dos rocks mais atrasados do país, até por essa perspectiva de pensar ´rock gaúcho´. Não existe mais mangue-beat, existe respeito, mas é aquela coisa de querer jogar o tambor no lixo, porque o som agora é mundo. Acho que a lógica do som regional também está morta. Não dá mais para esperar que uma banda de Cuiabá tenha uma pegada regional. A identidade agora é mundial", arrisca.

Artista-pedreiro

Além de primar pela organização, dentro do Espaço Cubo não há espaço para estrelismo. A cena cuiabana pensa e age coletivamente, inserindo o máximo de pessoas possíveis no processo e exigindo o máximo de cada um. Na Casa Fora do Eixo (principal palco da cena independente), por exemplo, é comum ver Pablo na bilheteria, Ynaiã no caixa do bar e Bruno como rodie de bandas recém-criadas que estão ensaiando. "Uma das coisas que a gente matou em Cuiabá foi essa coisa de dom divino. Artista é igual pedreiro, se o cara não ralar ele não vai se qualificar. Não existe mais essa lógica, porque essa é a lógica do mito, a mesma da indústria cultural. Essa lógica vem pra conseguir vender em larga escala, porque pra isso ela tem que dizer que você é melhor que o outro, que você tem um dom diferente. Aí todo mundo te vê como iluminado e te compra. A gente matou isso aqui", diz, satisfeito.

Perguntado sobre o futuro, ele é curto e direto: "Daqui a 10 anos vão ter saído 50 bandas boas de Cuiabá", prevê.

Desvendando o Espaço Cubo

CALANGO
- Festival independente que tem como objetivo desenvolver a cadeia produtiva da música em Mato Grosso (MT).
VOLUME (Voluntários da Música) - Organização criada com o objetivo de estimular a organização, qualificação e profissionalização da cena musical, oferecendo oficinas, workshops e palestras com músicos profissionais periodicamente. Realiza a Semana da Música (Semus).
CUBO MÁGICO - É a frente mercadológica do Espaço Cubo, formada pela junção dos núcleos de Comunicação, Discos, Eventos e Sonorização (ensaio + gravação). Tem como princípio produzir Cubo Cards e prestar serviços de assessoria ao mercado independente da cultura.
IMPRENSA ZINE - Tem como principio a elaboração de políticas públicas para a comunicação independente, com fins ao estímulo da formação, distribuição, produção e circulação dos agentes envolvidos nessa cadeia produtiva.
GRITO ROCK - Festival que busca fomentar e profissionalizar a cena independente durante o carnaval. Foi do Grito Rock que nasceu o Circuito Fora do Eixo.
CASA FORA DO EIXO - Casa de shows administrada pelo Espaço Cubo onde se apresentam os principais nomes da cena independente de todo o país, além de ceder espaço para bandas ensaiarem.

11 de agosto de 2007

Festival Calango 2007

Fora do tradicional circuito do rock alternativo, a cidade de Cuiabá vem marcando forte presença na cena cultural nos últimos anos, em grande parte, devido ao trabalho do pessoal do Espaço Cubo (matéria especial em breve). No final deste mês, um dos carros-chefes do instituto cultural, o Festival Calango, chega à sua 5ª edição, mais uma vez reunindo atrações de diversas partes do país.

Serão cerca de 50 bandas se apresentando entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro, no Museu do Rio, em Cuiabá. Entre as atrações selecionadas pelo festival, são praticamente imperdíveis os shows de Macaco Bong e Montage. Nomes como Vanguart e Móveis Coloniais de Acaju também prometem. O Calango também conta com uma tenda eletrônica, além de oficinas e palestras.

Os ingressos custam R$5, mais a doação de um livro, e o passaporte para todo o evento pode ser comprado por R$ 12 junto a doação de 2 livros. O Museu do Rio, local dos shows, fica na Avenida Beira-Rio, s/nº, no Porto, próximo ao Aquário Municipal.

Programação completa:

31/08 [sexta-feira]
02h - The Supersonicos (Uruguai)
01h30 - Fuzzly (MT)
01h - Debate (SP)
00h30 - Maldita (RJ)
00h - Revoltz (MT)
23h30 - The Rockefellers (GO)
23h - Chilli Mostarda (MT)
22h30 - Camundogs (AC)
22h - Cravo Carbono (PA)
21h30 - Cachorro Doido (MT)
21h - Carolina Diz (MG)
20h30 - Johnny Alfredo e os Neurônios Mongóis (GO)
20h - High School (MT)
19h30 - Seminal (SP)
19h - Stereovitrola (AP)
18h30 - Prévia

01/09 [sábado]
02h - Móveis Coloniais de Acaju (DF)
01h30 - Lord Crossroad (MT)
01h – Pública (RS)
00h30 - Macaco Bong (MT)
00h - Cabaret (RJ)
23h30 - Mandala Soul (MT)
23h - Supergalo (DF)
22h30 - The Melt (MT)
22h - Terminal Guadalupe (PR)
21h30 - Manacá (RJ)
21h - Motormama (SP)
20h30 - Big Trip (MT)
20h - Parkers (MS)
19h30 - Unchronics (GO)
19h - Mr. Jungle (RR)
18h30 - Prévias

02/09 [domingo]
01h - Tequila Baby (RS)
00h30 - Vanguart (MT)
00h - Patife Band (PR)
23h30 - Montage (CE)
23h - Boneca Inflável (MT)
22h30 - Astronauta Pingüim (RS)
22h - Daniel Belleza e os Corações em Fúria (SP)
21h30 - O Quarto das Cinzas (CE)
21h - Rhox (MT)
20h30 - The Feitos (RJ)
20h - Dead Smurfs(MG)
19h30 - Snorks (MT)
19h - Suco de Nóis (RO)
18h30 – Skarros (MT)

9 de agosto de 2007

Ludovic - Idioma Morto

Em 2004, Servil, álbum de estréia do Ludovic, fez o grupo estar presente em diversas listas de melhores do ano e, somado aos seus explosivas shows, fez com que seu nome aos poucos se consolidasse como um dos mais importantes do cenário alternativo nacional. Três anos depois, Idioma Morto, segundo álbum da banda, veio reforçar e confirmar impressões anteriores em relação à qualidade do Ludovic.

O vocal grave de Jair Naves está ainda mais inusitado, levando ao ouvinte frases fortes e pesadas, embaladas mais uma vez pelo instrumental sujo e bem-elaborado do quinteto paulista. As influências do pós-punk inglês e do rock alternativo americano afloram e se misturam ao longo do cd em constante harmonia com a agressividade sonora e literária da banda. Em tempos da moda emo, o Ludovic acaba por corporificar a antítese ao movimento/estilo, sem pudor ou intenção de facilitar as coisas, mas ainda assim carregado de emoção.

Abrindo com o trecho instrumental de "Atrofiando / Recém-Convertido / Ex-futuro diplomata", logo de cara o soco está dado e o Ludovic mostra à que veio e de que é feito. Na seqüência, o single "Eu fiz pouco caso de um gênio" e a melódica "Nas suas palavras" completam a ótima abertura do álbum, cujo ritmo cai apenas na vinheta "Poço de hombridade". "Um grande nó" e "Qorpo-Santo de saias" respondem por dois dos momentos mais matadores do álbum, enquanto "Janeiro continua sendo o pior dos meses" é o mais próxima que a banda chega de algo mais facilmente assimilável, além, é claro, das duas "baladas": "Unha e carne" e "Sob o tapete vermelho".

And You Will Know Us By The Trail of Dead e Sonic Youth são duas das bandas que vêm à mente durante a audição. A primeira, pela bateria tribal e a enxurrada de guitarras ruidosas (marca registrada de seu álbum Madonna, de 1999), a segunda, principalmente pelas linhas de guitarra em algumas músicas. Os primórdios do Joy Division e Hüsker Dü também marcam presença, sem que isso resulte em simplesmente mais um desinteressante pastiche sonoro.


Não apenas o instrumental é sujo e pesado, apesar de belas melodias enterradas sob as guitarras saturadas, mas também as letras escondem uma beleza por vezes mórbida em toda a tristeza e desilusão retratadas.
As dores da vida, nossos erros e dúvidas, continuam dando a temática das letras, em alguns momentos até deixando a musicalidade das frases em segundo plano. A influência literária resulta em trechos como "Quando eu disse: 'não há de ser nada além de uma pilha de fotos velhas e amareladas / dois arqui-inimigos pateticamente de mãos dadas / parece que foi ontem, e eu até tenho saudade'", de "Nas suas palavras", terceira faixa e uma das melhores do álbum.

Compor em português é um desafio e, para os desavisados, a própria audição e assimilação das canções de Idioma Morto pode se mostrar uma tarefa trabalhosa. Não se trata de um álbum fácil. No início, o vocal pode até incomodar, algumas palavras podem parecer fora do lugar, mas é necessário entrar na atmosfera da banda (e preferencialmente também vê-la ao vivo) para usufruir deste que é um dos grandes álbuns de 2006.

7 de agosto de 2007

Festival Vaca Amarela

O Vaca Amarela é mais uma das boas opções entre os festivais que agitam a cena alternativa nos próximos meses e este ano chega à sua 6ª edição, provando que Goiânia é realmente uma cidade com força no que se refere à música independente. Organizado pelo selo Fósforo Records, o festival irá contar com shows de 32 bandas (incluindo grande parte do cast do selo) durante os dias 31 de agosto e 1º de setembro e terá início uma semana antes, com um ciclo de palestras sobre produção cultural alternativa.

Os shows acontecem no Centro Cultural Martim Cererê e os ingressos individuais custam R$ 20. Passaportes promocionais estão divididos em três lotes, de R$ 25, R$ 30 e R$ 35.
As palestras têm entrada gratuita e ocorrem no Centro de Cultura e Convenções de Goiânia.

Abaixo está a programação completa.

31 de agosto. Sexta.

17h – The Hellbenders (GO)
17h30 – Lady Lanne (GO)
18h – Mersault e a Máquina de Escrever (GO)
18h30 – Boddah Diciro (TO)
19h – Dead Smurfs (MG)
19h30 – Poser Pride (GO)
20h – Diego de Moraes (GO)
20h30 – Shakemakers (GO)
21h – Chapéu, Cerveja e Frustrações (GO)
21h30 – Yglo (GO)
22h – Seven (GO)
22h30 – Trilobit (PR)
23h – Satanique Samba Trio (DF)
23h30 – Mechanics (GO)
0h – Vanguart (MT)
0h30 – Kid Vinil e Magazine (SP)



1º de setembro. Sábado.


17h – Infalíveis (GO)
17h30 – Maria e Seus Malucos (GO)
18h – Chilli Mostarda (MT)
18h30 – Futura (GO)
19h – Uganga (MG)
19h30 – Montage (CE)
20h – Patife Band (SP)
20h30 – Charme Chulo (PR)
21h – Woolloongabbas (GO)
21h30 – Technicolor (GO)
22h – Bang Bang Babies (GO)
22h30 – Revoltz (MT)
23h – Johnny Suxxx and the Fucking Boys (GO)
23h30 – Goldfish Memories (GO)
0h – Tequila Baby (RS)
0h30 – Bidê ou Balde (RS)

Para mais informações sobre festivais brasileiros de música independente, visite o site da Abrafin.

2 de agosto de 2007

Maquinado - Homem Binário

Não satisfeito em fazer parte daquela que é considerada por muitos a melhor banda brasileira dos últimos tempos (Nação Zumbi), ter tocado com Max Cavalera (Soulfly) e trabalhado na trilha sonora de um filme de Cláudio Assis (Amarelo Manga), entre outros projetos, Lúcio Maia se cercou de amigos de renome no cenário musical (entre os quais, boa parte do Cidadão Instigado) e formou o Maquinado, projeto cujo álbum de estréia foi lançado há poucos meses pela gravadora Trama.

Homem Binário, o álbum em questão, começa com a instrumental "Arrudeia", com seu baixo distorcido e profusão de elementos eletrônicos, dando a deixa para a fusão de música orgânica e sintética que permeia todo o cd, sempre em companhia de guitarras cheias de efeitos.
As inevitáveis comparações com a Nação Zumbi encontram algumas poucas semelhanças entre as bandas na faixa seguinte, "Não Queira Se Aproximar", situada na pouco usual região de encontro da música regional com a eletrônica e o hip hop. Em "Tá Tranquilo", porém, a eletrônica comanda com fortes batidas e guitarra em segundo plano, embalada mais uma vez por vocais hip-hop.

"Alados" deixa à mostra as raízes regionais de Maia e conta com letra e vocais de Siba, do Mestre Ambrósio. O clima lúdico do sertão trazido pela faixa, uma das mais singelas de Homem Binário, contrapõe-se à eletrônica até então vigente e prepara o caminho para a ótima "Sem Conserto", única música que pode ser baixada na página da banda na TramaVirtual. Primeira canção do álbum cantada por Maia, com seu vocal contido mas ao mesmo tempo marcante, "Sem Conserto" apresenta uma boa letra ("qualquer um que fotografar os pesadelos de quem não volta a dormir / vai andando, olhando pro céu, estará sempre a um passo de cair") e sintetiza os elementos básicos a se esperar do Maquinado: sonoridade chapada, preciosismo nas guitarras, bases eletrônicas e muitos detalhes.
Ela também é a responsável por dar início à parte mais "orgânica" e interessante do álbum, trazendo logo em sequência "O Dia do julgamento" e "O Som", duas músicas que poderiam facilmente estar presentes em um álbum da Nação Zumbi. Não por acaso, "O Som" conta com participação de boa parte da banda, incluindo Jorge Du Peixe nos vocais.


Passada a incursão pelos beats do mangue, a fusão com o hip hop retorna embalada em "Eletrocutado", cantada por Rodrigo Brandão, do Mamelo Sound System. O próximo convidado ilustre é Felipe S, do Mombojó, que chega sem receio avisando: "Eu vou penetrar no seu pensamento", em
"Despeça dos Argumentos", cuja sonoridade se aproxima bastante de sua banda original.

Próximo do fim está localizada "Vendi a Alma", bossa-metal novamente cantada por Maia e que deve render horrores ao vivo. "Vendi minha alma ao Diabo / posso falar mal dele e da alma também / e da sombra tirei um retrato / vou pregar no muro e não mostrar a ninguém", canta, sobre a levada tipicamente bossa nova do violão.

Na despedida, "Além do Bem", autêntico trip hop nascido no mangue, singelo e envolvente, toma para si a tarefa de deixar claro que Lúcio Maia e seu Maquinado não estão aqui à passagem e, apesar dos eventuais tropeços, os bons frutos ao longo do percurso são mais do que bem-vindos.

[ Trechos de algumas canções podem ser ouvidas no tocador acima. Para ouvir mais músicas, completas, visite os sites maquinado.com.br ou tramavirtual.com.br/maquinado ]

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