Em 2004, Servil, álbum de estréia do Ludovic, fez o grupo estar presente em diversas listas de melhores do ano e, somado aos seus explosivas shows, fez com que seu nome aos poucos se consolidasse como um dos mais importantes do cenário alternativo nacional. Três anos depois, Idioma Morto, segundo álbum da banda, veio reforçar e confirmar impressões anteriores em relação à qualidade do Ludovic.
O vocal grave de Jair Naves está ainda mais inusitado, levando ao ouvinte frases fortes e pesadas, embaladas mais uma vez pelo instrumental sujo e bem-elaborado do quinteto paulista. As influências do pós-punk inglês e do rock alternativo americano afloram e se misturam ao longo do cd em constante harmonia com a agressividade sonora e literária da banda. Em tempos da moda emo, o Ludovic acaba por corporificar a antítese ao movimento/estilo, sem pudor ou intenção de facilitar as coisas, mas ainda assim carregado de emoção.
Abrindo com o trecho instrumental de "Atrofiando / Recém-Convertido / Ex-futuro diplomata", logo de cara o soco está dado e o Ludovic mostra à que veio e de que é feito. Na seqüência, o single "Eu fiz pouco caso de um gênio" e a melódica "Nas suas palavras" completam a ótima abertura do álbum, cujo ritmo cai apenas na vinheta "Poço de hombridade". "Um grande nó" e "Qorpo-Santo de saias" respondem por dois dos momentos mais matadores do álbum, enquanto "Janeiro continua sendo o pior dos meses" é o mais próxima que a banda chega de algo mais facilmente assimilável, além, é claro, das duas "baladas": "Unha e carne" e "Sob o tapete vermelho".
And You Will Know Us By The Trail of Dead e Sonic Youth são duas das bandas que vêm à mente durante a audição. A primeira, pela bateria tribal e a enxurrada de guitarras ruidosas (marca registrada de seu álbum Madonna, de 1999), a segunda, principalmente pelas linhas de guitarra em algumas músicas. Os primórdios do Joy Division e Hüsker Dü também marcam presença, sem que isso resulte em simplesmente mais um desinteressante pastiche sonoro.
Não apenas o instrumental é sujo e pesado, apesar de belas melodias enterradas sob as guitarras saturadas, mas também as letras escondem uma beleza por vezes mórbida em toda a tristeza e desilusão retratadas. As dores da vida, nossos erros e dúvidas, continuam dando a temática das letras, em alguns momentos até deixando a musicalidade das frases em segundo plano. A influência literária resulta em trechos como "Quando eu disse: 'não há de ser nada além de uma pilha de fotos velhas e amareladas / dois arqui-inimigos pateticamente de mãos dadas / parece que foi ontem, e eu até tenho saudade'", de "Nas suas palavras", terceira faixa e uma das melhores do álbum.
Compor em português é um desafio e, para os desavisados, a própria audição e assimilação das canções de Idioma Morto pode se mostrar uma tarefa trabalhosa. Não se trata de um álbum fácil. No início, o vocal pode até incomodar, algumas palavras podem parecer fora do lugar, mas é necessário entrar na atmosfera da banda (e preferencialmente também vê-la ao vivo) para usufruir deste que é um dos grandes álbuns de 2006.
O vocal grave de Jair Naves está ainda mais inusitado, levando ao ouvinte frases fortes e pesadas, embaladas mais uma vez pelo instrumental sujo e bem-elaborado do quinteto paulista. As influências do pós-punk inglês e do rock alternativo americano afloram e se misturam ao longo do cd em constante harmonia com a agressividade sonora e literária da banda. Em tempos da moda emo, o Ludovic acaba por corporificar a antítese ao movimento/estilo, sem pudor ou intenção de facilitar as coisas, mas ainda assim carregado de emoção.
Abrindo com o trecho instrumental de "Atrofiando / Recém-Convertido / Ex-futuro diplomata", logo de cara o soco está dado e o Ludovic mostra à que veio e de que é feito. Na seqüência, o single "Eu fiz pouco caso de um gênio" e a melódica "Nas suas palavras" completam a ótima abertura do álbum, cujo ritmo cai apenas na vinheta "Poço de hombridade". "Um grande nó" e "Qorpo-Santo de saias" respondem por dois dos momentos mais matadores do álbum, enquanto "Janeiro continua sendo o pior dos meses" é o mais próxima que a banda chega de algo mais facilmente assimilável, além, é claro, das duas "baladas": "Unha e carne" e "Sob o tapete vermelho".
And You Will Know Us By The Trail of Dead e Sonic Youth são duas das bandas que vêm à mente durante a audição. A primeira, pela bateria tribal e a enxurrada de guitarras ruidosas (marca registrada de seu álbum Madonna, de 1999), a segunda, principalmente pelas linhas de guitarra em algumas músicas. Os primórdios do Joy Division e Hüsker Dü também marcam presença, sem que isso resulte em simplesmente mais um desinteressante pastiche sonoro.
Não apenas o instrumental é sujo e pesado, apesar de belas melodias enterradas sob as guitarras saturadas, mas também as letras escondem uma beleza por vezes mórbida em toda a tristeza e desilusão retratadas. As dores da vida, nossos erros e dúvidas, continuam dando a temática das letras, em alguns momentos até deixando a musicalidade das frases em segundo plano. A influência literária resulta em trechos como "Quando eu disse: 'não há de ser nada além de uma pilha de fotos velhas e amareladas / dois arqui-inimigos pateticamente de mãos dadas / parece que foi ontem, e eu até tenho saudade'", de "Nas suas palavras", terceira faixa e uma das melhores do álbum.
Compor em português é um desafio e, para os desavisados, a própria audição e assimilação das canções de Idioma Morto pode se mostrar uma tarefa trabalhosa. Não se trata de um álbum fácil. No início, o vocal pode até incomodar, algumas palavras podem parecer fora do lugar, mas é necessário entrar na atmosfera da banda (e preferencialmente também vê-la ao vivo) para usufruir deste que é um dos grandes álbuns de 2006.