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24 de junho de 2013

Cobertura do festival Goma 2013

O vestuário do público diz muito a respeito de um festival. No Goma, realizado em Uberlândia (maior cidade do interior de Minas Gerais) entre 12 e 16 de Junho, camisetas do Black Keys, Queens of the Stone Age, Rolling Stones, Julgamento (!), bonés com a frase “Vida loka”, microshorts e hipsters vestindo plumas indicam a pluralidade do festival. A diversidade fica clara na ousadia da penúltima noite do festival, com o experimentalismo afrosamba/jazz/noise do Metá Metá como penúltima atração da noite, logo antes da (agora) diva paraense Gaby Amarantos e seu pop tecnobrega para as massas.



Antes, estiveram no palco a Cambriana, banda indie goiana em constante ascensão na cena independente e que fez um bom show, apesar de alguns problemas no equalização do som nas primeiras músicas; Porcas Borboletas, que em casa fez um show curto e bastante seguro, com boa aceitação; a dupla setentista Muñoz, que evoca uma mistura de Wolfmother, Jimi Hendrix e Black Keys (guardadas as devidas proporções, claro); o cuiabano Linha Dura, que seguindo o que parece ser uma tendência no hip hop nacional, agora se apresenta com uma grande banda de apoio (tendo como diferencial em relação a nomes como Emicida, Flávio Renegado e Rael a presença de outros três MCs no palco); e a cantora Fernanda Sant'anna, que abriu a programação do festival (e não vi).

Diferentemente do posicionamento de outros festivais ligados ao Fora do Eixo que antigamente trabalhavam com a postura de não ter headliners, o Goma deste ano colocou Gaby e Criolo como principais atrações de seus últimos dias de programação (gratuita, vale destacar). O resultado foi a presença em peso do público no campus da Universidade Federal de Uberlândia, local de realização dos últimos dias do Goma, para assistir a apresentações diversificadas e que reforçam a qualidade presente na cena musical atual.

Em show curto, o Metá Metá causou estranhamento na maior parte do público presente mas logo após as primeiras músicas deixou claro porque seu afrosamba distorcido é tão comentado, apresentando músicas potentes e que se diferenciam de praticamente tudo que se está fazendo na música brasileira atualmente. Na sequência, para encerrar a noite de sábado, Gaby Amarantos demonstrou porque está entre os ídolos pop nacionais e fez um show redondo com o repertório do CD Treme e potporris que colocaram indies, donas de casa e playboys para dançar.

No domingo, perdi o show da banda local Dom Capaz e comecei a partir da belo-horizontina A Fase Rosa, que mostrou um "tropicalismo universitário" dançante, distorcido, com pressão e ótima execução. Na sequência, O Berço, de Patos de Minas, ganhou o público logo nos primeiros acordes de seu rock rural animado. Quem também era desconhecida do público local e fez um show agitado foi a brasiliense Spance Night Love Dance, que promoveu uma fanfarra plural, com guitarrada e música eletrônica de balada misturados. A Veja Luz, de São Paulo, fez um dos shows mais longos do festival e teve boa resposta de público, apesar da sonoridade reggae genérica da banda.

No quesito "surpresa", ninguém bate a Bandinha Di Dá Dó. Espécie de Gogol Bordello do Rio Grande do Sul, só que mais sincero (assumem, literalmente, serem palhaços) e dadaísta. Ou seja, melhor. Show sensacional que cativa a todos com letras que no fim das contas não dizem nada, mas estão envoltas em ironia e um espírito festivo irrepreensível (com direito a stage dive do vocalista).

Criolo fez o show de encerramento do festival e mesmo dois anos após o lançamento do disco Nó na Orelha o público demonstrou não estar cansado do repertório, resultando no show de maior euforia na plateia.

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