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2 de junho de 2012

Conexão Vivo BH 2012: um pouco sobre como foi

Acompanho o Conexão Vivo há anos. Inicialmente, como espectador. Depois, como produtor de artistas que se apresentaram e, nos últimos dois anos, como parte da equipe do projeto. Posso afirmar, tendo me relacionado com o Conexão de diferentes formas, que realmente se trata de um dos principais fomentadores da nova música brasileira. Muita gente não sabe, mas o Conexão Vivo não é apenas um festival, mas sim um grande programa de patrocínios no meio musical que abrange iniciativas diversas, desde projetos de circulação de artistas à manutenção de webtvs e estúdios.

Ano passado, fiz um relato um pouco mais afetivo sobre o Conexão Vivo. Portanto, vou me ater às questões musicais e destacar os shows mais interessantes que vi ao longo das últimas semanas. Ao fim, está o texto de balanço desta edição do Conexão Vivo BH. São informações que ajudam a compreender o  tamanho do programa e sua importância para a cena cultural de Belo Horizonte.

Essa foi uma edição marcada por surpresas. Poucas pessoas na plateia pareciam realmente conhecer o som do BaianaSystem, mas isso não impediu que a massa balançasse ao som dos graves do grupo, que já foi a escolha do Meio Desligado para a coletânea Music Alliance Pact. Funciona muito bem ao vivo, com o baixo e a percussão provocando uma experiência física através dos graves. Talvez o meu show favorito nesta edição do Conexão.


Thiago Pethit já havia feito um bom show no Conexão Vivo BH em 2011, mas este ano foi além do que qualquer um poderia esperar. Inclusive o próprio. Tocando no Grande Teatro do Palácio das Artes lotado, antes do show de Tulipa Ruiz, Thiago fez um show emocionante para um público que também se entregou e cantou durante quase toda a apresentação. Nitidamente nervoso em alguns momentos, sua fragilidade acabou por tornar o espetáculo ainda mais sincero e intenso. Após o show, o consenso geral foi de que Pethit literalmente tomou o público que havia enchido o teatro para ver Tulipa Ruiz (que fez um show bom, mas sem a espontaneidade e o calor de Thiago).

O paraense Felipe Cordeiro, ainda desconhecido do grande público, agradou pessoas dos mais distintos gostos. Dos paraenses que se apresentaram, foi o mais elogiado, mesmo com os conterrâneos da Metaleiras da Amazônia tendo feito um animado show (e que, inclusive, encerrou o Conexão deste ano). O baiano Magary Lord foi outra surpresa, no caso, nem tão positiva para parte dos presentes. Sua abordagem de axé com ritmos africanos espantou algumas pessoas que, aparentemente, esperavam uma continuidade da leseira ragga/dub do show anterior (BaianaSystem).


Bixiga70 e Criolo confirmaram o hype em torno de seus nomes. Incrível notar o crescimento do público do Criolo em BH em menos de um ano, desde que se apresentou pela primeira vez na cidade, no festival Transborda. O dia de seu show foi o mais cheio de todo o evento, chegando a 7 mil pessoas e deixando outras tantas do lado de fora do Parque Municipal. Já o Bixiga70 encerrou o dia mais indie do Conexão Vivo (Garotas Suecas, Apanhador Só e Aeromoças e Tenistas Russas também fizeram bons shows horas antes) apresentando de forma fiel as músicas de seu bom CD de estreia.




Balanço geral do Conexão Vivo BH 2012
Palácio das Artes, Parque Municipal e Praça do Papa foram os palcos da grande festa promovida pelo Conexão Vivo, em Belo Horizonte, durante o mês de maio. Reconhecido como um dos pontos altos do calendário cultural de Minas Gerais, o programa reuniu, em sua 12ª edição, um público de 36,5 mil pessoas em torno dos shows de 55 artistas, nas noites de evento.

O Palácio das Artes recebeu a primeira etapa da programação. A abertura, no dia 10 de maio, foi marcada pela passagem da “rainha do tecnobrega”, Gaby Amarantos, que comandou uma performance enérgica e fez o público se levantar das cadeiras com o sucesso do momento, “Ex Mai Love”. Com o Grande Teatro lotado, a paraense apresentou o repertório do seu disco de estreia, o recém-lançado Treme, e ainda contou com a participação de Fernanda Takai (Pato Fu) no palco. No domingo (13), mais de 1.500 pessoas marcaram presença, cantaram em coro as canções de Thiago Pethit e se divertiram com o jeito performático da Tulipa Ruiz.

Considerada a apoteose do Conexão Vivo em BH, a programação do Parque Municipal reuniu cerca de 18 mil pessoas, entre os dias 17 e 20 de maio, para conferir a diversidade de ritmos da nova produção musical brasileira. Um dos destaques foi o rapper paulista Criolo, que se apresentou na quinta-feira (17) e arrancou suspiros e gritos de paz de cerca de seis mil pessoas, o maior público do evento no parque. Outra atração que agitou o público foi o paraense Felipe Cordeiro, que se apresentou na sexta-feira (18) e mostrou que carimbó e lambada se misturam muito bem ao rock e à surf music. Magary Lord, grande sensação de 2012 no Carnaval de Salvador, fechou a noite de sábado (19) colocando todo mundo pra dançar suas coreografias inusitadas, puxadas pela música “Inventando Moda”, grande sucesso no YouTube.

No domingo (20), um dia naturalmente dedicado ao passeio em família, o Conexão Vivo levou sete atrações para o parque. O repertório de canções pop românticas da banda Apanhador Só conquistou o público e foi acompanhada em coro por uma grande quantidade de fãs. O final da programação ficou por conta do afrobeat da banda paulistana Bixiga 70, que encerrou a maratona de shows no parque em altíssima temperatura.

A última etapa da série de grandes eventos em espaços públicos que marcam o Conexão Vivo em Belo Horizonte foi na Praça do Papa. Os shows gratuitos, iniciados durante a tarde, atraíram pessoas de todas as idades, que aproveitaram o fim de semana curtindo o som de expoentes da nova música. Em dois dias de shows (26 e 27/05), foram 19 atrações e 15 mil pessoas.

No sábado, o argentino Javier Maldonado encantou o público com o pop rock que faz dele um dos nomes de destaque na cena portenha. A programação da Praça contou ainda com a batida forte dos baianos do Ilê Aiyê. Primeiro bloco afro de Salvador, o Ilê celebrou a cultura afro-brasileira no Conexão Vivo ao lado de Marku Ribas, Mauricio Tizumba e Sérgio Pererê, todos importantes representantes da música mineira e de suas ligações com a cultura negra.

Para encerrar a noite de domingo (27), a celebrada Orkestra Rumpilezz deu uma verdadeira aula de ritmo e melodia comandada pelo maestro Letieres Leite e os paraenses do grupo Metaleiras da Amazônia agitaram o público com a fusão de carimbó e guitarrada. A festa paraense contou ainda com as participações do guitarrista Pio Lobato e dos cantores Juca Culatra e Dona Onete, encantando as milhares de pessoas presentes na Praça do Papa.

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