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25 de novembro de 2007

Eletronika 2007 - dia 03

Diário de produção - 17.11.07

"Mais uma vez um grande número de figurantes se atrasou. As filmagens estão finalmente começando no horário e isso é ótimo, mas as pessoas ainda não se acostumaram. O resultado foi que muita gente perdeu as cenas com Dago Donato e sua pancinha roliça como protagonistas - seria essa uma brincadeira da equipe figurinista e dos maquiadores, visto que grande parte do elenco do núcleo "jornalistas sabichões" (e também de outros núcleos, como Nobre, do núcleo bebum) ostentava as famosas "panças de cerveja" (vide Matias, Vinil, Ribeiro e outros)?.

Battles em BH
De qualquer forma, logo em seguida os gringos do Battles fariam uma apresentação incrível, digna de prêmios. A arquitetura futurista da locação escolhida (Roxy) encaixou-se perfeitamente ao som experimental e semi-instrumental da banda, marcado por elementos eletrônicos, e comparações à estética de 2001 - Uma Odisséia no Espaço (versão gay) serão inevitáveis. Os executivos do estúdio devem pensar seriamente na possibilidade de colocar a banda para tocar durante as exibições do filme, pois ao vivo a experiência é ainda mais marcante do que em estúdio. Boa parte dos figurantes ficou boquiaberta ou mostrava sorrisos de satisfação (felizmente nenhum deles desdentado e a imagem ficará bem na fita, parabéns para a produção e as pessoas que fizeram a seleção, poucas vezes vi tanta gente bonita em uma filmagem assim). Sugiro que no trailer sejam utilizados trechos da banda enquanto tocava "Tonto, "Atlas", "Tras" ou "Leyendecker", que fechou a primeira parte das filmagens da sequência do show. Problemas técnicos impediram que a cena continuasse a ser rodada, mas os figurantes estavam tão ávidos em participar de uma obra de tal nível de excelência que se manifestaram com fervor e conseguiram mais alguns minutos. Tenho que confessar que há anos não presenciava uma apresentação tão digna dos adjetivos "experimental" e "vanguardista" e que ao mesmo tempo não soasse pedante e prepotente. Obs: preciso saber urgentemente o nome do cabelereiro responsável pelo penteado do tecladista/guitarrista/vocalista.



killer shoesNão estava fácil transitar pela locação e foi com dificuldade que alcancei o set das Killer Shoes. Apesar do belo trabalho de figurinistas e maquiadores, o resultado na prática é mediano, mas provavelmente serve de atrativo para a platéia afetada e a tchurminha com um pé em 2006 e outro na década de 80 (farofa). Algumas versões eletrônicas (techno, electro) de hits indie dos últimos anos até vingaram, mas nem de longe o trio de belezocas modelo-manequim-dj é tudo aquilo que algum crítico/jornalista anda espalhando por aí (teria sido o Rubens Ewald Filho?). Sem contar que, ao tocarem "(I've had) the time of my life", no final, a vergonha alheia foi de doer (por favor, alguém corte isso na edição ou coloque nos extras, na seção "cenas deletadas porque temos senso de ridículo").

the field
Não estou a fim de escrever sobre o techno house minimal do The Field, mas a-do-rei a bolsa e a roupa dele! Ui! Será que ele é tipo um personagem de desenho animado e usa sempre o mesmo figurino?

Gente Bonita no EletronikaA dupla Alexandre Matias e Luciano Kalatalo, a.k.a. Gente Bonita (apesar do diretor de marketing achar que a troca para "Gente Esquisita" é uma coisa a ser pensada), foi excelente e superou as expectativas da nossa equipe. Interagem muito bem com as outras pessoas em cena e sabem definir o ritmo da ação com poucos. Começaram escolhendo como trilha sonora The Rapture e ao longo da madrugada repleta de cenas de dança (das mais estranhas às contidas, com espaço para o famoso "balanço blasé") mandaram We Are Scientists (para o meu delírio contido), Simiam Mobile Disco, L7 com Cansei de Ser Sexy ("Pretend we're dead" com "Alala"), Beastie Boys com Led Zeppelin e até duas (mais do que) questionáveis versões de Strokes com MC Leozinho ("Se ela dança eu danço") e Barão Vermelho com Beastie Boys.

Não tive ânimo para acompanhar a atuação de Mau Mau, mas, se não me engano, passei por lá e tudo pareceu "correto".

MirandaO ritmo de trabalho foi apertado nos últimos dias e o máximo que pude conferir foi cerca de 40 minutos do grande (no sentido figurado e literal) Miranda, com um set mais eletrônico e menos espantoso do que da última vez que o vi em ação (na Mary in Hell). E por falar em Miranda, ele foi o astro das cenas cômicas rodadas no início da noite de sexta, mais uma vez no Oi Futuro, nas quais o roteiro tratava das transformações provocadas pela internet no meio audiovisual. Em um show de improvisação (e que contribuiu enormemente para o caráter cômico do filme/festival), ele soltou frases desde já clássicas como "Deviam criar uma lei pra que sax soprano só pudesse ser tocado com o cu" e "Eu acredito na tv hipnótica! Eu preciso da tv hipnótica!" (lembrete: conversar com o pessoal do marketing sobre a possibilidade de utilização dessa frase como slogan para divulgação). Parece meio estranho lendo as frases assim, mas elas fazem sentido na história. Quem viu, entendeu. Caso seja barrado da versão final, sempre há a chance de termos um "director's cut"...

Enfim, o saldo geral foi extremamente positivo e a equipe se saiu muito bem. As cenas em locais menores parecem render muito mais e deveriam ser ampliadas. Talvez essa possa ser uma das alterações em futuras continuações. E por falar nisso, os executivos parecem ter ficado satisfeitos com o resultado, já que uma nova sequência está prevista para junho de 2008. Até lá, pretendo trabalhar e treinar bastante para poder fazer parte do elenco e sair dos bastidores. Cansei de ser estagiário."

Leia sobre o primeiro dia do festival.

Fotos e design: Marcelo Santiago. Mais fotos, em alta resolução, no meu Flickr.

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