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27 de janeiro de 2012

Esta é a parte com o texto grande para chamar a atenção de vocês e do Google (ou "cobertura do Circuito de Verão 2012")

Julgamento + Studio Bar


Este é o resumo telegráfico para pessoas preguiçosas
O evento era gratuito. Tinha duas bandas interessantes. Zimun e Julgamento. Elas abordam o hip hop de diferentes formas. Eu era convidado de uma das bandas. Fui barrado na porta. Disseram que a casa estava lotada. Só que mulheres podiam entrar. O público conversava alto. A maioria não prestava muita atenção nas bandas. Falavam muito de Big Brother e maconha. Acho picaretagem. Mas até picaretagens têm pontos positivos.

Esta é a introdução
Às vezes, alguns preconceitos são justificáveis. Eu deveria ter aprendido isso ao ler Blink e dar mais valor às minhas primeiras impressões sobre determinados assuntos. Como no caso do Circuito de Verão que acontece em Belo Horizonte desde o dia 20 de Janeiro com shows gratuitos e termina 3 de Fevereiro em uma festa de encerramento com (sic) Mart'nália e Marcelo D2. Logo que recebi o release não tive o mínimo interesse em escrever sobre o evento, principalmente devido ao conceito inexistente (ou, no mínimo, pífio), programação inconsistente e locações aleatórias. Isso, sem levar em consideração outros detalhes, como o fato do Circuito fazer parte do "Praia Skol" (praia?). Todos os pontos tendendo para a construção de uma picaretagem cultural marketeira. Mas, não querendo me deixar levar pelas primeiras impressões, resolvi conferir de perto um dos eventos que formam o tal Circuito de Verão: as apresentações das bandas Zimun e Julgamento no Studio Bar na noite desta quinta-feira, 26 de Janeiro.

Esta é a parte descritiva para contextualização
O evento era gratuito e o público deveria retirar seus ingressos antecipadamente ou enviar seu nome para a lista amiga (ou algo do tipo que permita que os promotores aumentem seus mailings para envio de spam). Os boatos eram de que os ingressos antecipados haviam se esgotado dias antes, mas como eu era um convidado do Zimun, não me preocupei. Logo na entrada, uma surpresa. Cheguei às 23:40, horário em que o Zimun começaria a tocar, segundo fui informado por um integrante da própria banda, e fui barrado na entrada. Expliquei que era um convidado da banda, mas me informaram que a casa estava cheia e que não havia como entrar por causa da lotação. Situação chata, mas compreensível. Enquanto pensava no que fazer, uma vez que o show estava começando e não poderia entrar, um grupo de meninas chegou e entrou sem problemas. Perguntei a razão disso e a resposta foi que a lotação de homens estava completa, mas mulheres entravam. Uma porra de uma micareta travestida de "balada alternativa". Era o suficiente para eu realmente nem querer mais entrar, mas acabei encontrando com um amigo do lado de fora (também barrado) e depois de cerca de 20 minutos e desencontros da produção, gatinha-porteira e dos seguranças, finalmente entramos.

Esta é a parte em que pulo alguns minutos para resumir o público
Eu adoraria ter ouvido melhor o Zimun, mas confirmando minhas suspeitas, o que menos havia no local eram pessoas interessadas em assistir ao show. Estavam ali pelo evento, para verem pessoas e serem vistos. A banda era um acessório. Ao meu redor, pouco atrás da parte central da pista, a conversa (eufemismo para o nível da gritaria) era tanta que ficava difícil prestar atenção na música. Observação: "Big Brother" e "maconha" foram as palavras-chave mais usadas pelos grupos próximos.

Esta é a parte em que começo a falar de música de verdade
Zimun é uma das bandas mais promissoras de Belo Horizonte. Representa um avanço estilístico no hip hop local a partir de seu experimentalismo sonoro e certa erudição musical. Não à toa, em diversos momentos é mais fácil rotulá-los como um grupo de jazz do que como de hip hop. E também não é à toa que ambos os gêneros dialogam de forma natural com a improvisação e experimentação (rítmica, em um, e de linguagem, no outro). Desfalcados pela ausência do MC Matéria-Prima (em viagem) e sem um DJ na formação (o que retirou boa parte dos elementos eletrônicos presentes no último show que eu havia assistido), a banda fez um show correto, mas aquém de seu pontencial. Difícil analisar em tais circunstâncias. Espero que da próxima vez possa ouví-los em um local no qual as pessoas tenham ido pela música, não pela badalação. Ainda no primeiro semestre o Zimun deve lançar um novo trabalho, desde já uma das principais apostas do Meio Desligado para a cena belo-horizontina em 2012 (outra banda local que também flerta com o jazz e o afrobeat, como o Zimun é a Iconili, que também lançará novo CD neste semestre).





Esta é a parte em que reforço minha insatisfação com o evento
Micareta de merda!

Julgamento em show no Circuito de Verão 2012
Esta é a parte em que escrevo sobre a outra banda da noite
O Julgamento é um grupo já veterano na cena alternativa de Belo Horizonte e que nos últimos anos deu um salto exponencial em sua carreira, tanto em termos artísticos como em quantidade de público. Com três MCs, dois DJs, guitarra, baixo e bateria, é uma banda cujos shows são extremamente potentes. Hip hop dinâmico, enérgico e com o peso do rock. Com o Studio Bar um pouco mais vazio do que no show anterior, a resposta do público acabou sendo muito mais forte. Afinal, os "baladeiros" chegaram cedo (às 22:30 uma grande fila estava formada do lado de fora) e, no momento do show do Julgamento (cerca de 1 da madrugada), mais pessoas interessadas na música estavam presentes. Para quem gosta da fusão de rap e rock, é uma banda segura para se conferir ao vivo.




Esta é a parte da conclusão, breve, porque o texto ficou longo demais
Ver bandas como Zimun e Julgamento (e também Lise, Transmissor, Camera e outras) em uma série de eventos como os que formam o Circuito de Verão pode ser desapontante para quem se interessa essencialmente pela música, mas representa uma ascensão de mercado para a música alternativa. A partir do momento em que bandas independentes/alternativas passam a ser usadas como isca para o consumo de jovens de classe média/alta, mais dinheiro passa a circular na cena e tende a fortalecer a cadeia produtiva. É uma ação equivocada em termos de formação de público mas que, apesar de tudo, possui alguns méritos, como contribuir para a divulgação dos artistas e das casas de show envolvidas entre públicos distintos. Mesmo assim, da próxima vez, talvez eu me deixe levar pelas minhas primeiras impressões...


Todas as fotos de minha autoria, feitas e editadas no celular. Esse tipo de trabalho está relacionado ao que faço na revrbr, minha agência de comunicação digital.

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