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20 de junho de 2011

Turntable.fm e a nova era da discotecagem

Há uma cena no filme A Festa Nunca Termina, sobre a cena musical de Manchester nos anos 80, em que o protagonista nos pede para prestar atenção no que acontecia na boate naquele momento: o DJ estava em destaque, era a grande atração da festa. Ali, ele diz, estava sendo marcado o início da cultura clubber (ou algo do tipo). Ao usar o Turntable.fm fico imaginando se não estaria presenciando algo semelhante, uma espécie de discotecagem específica para ambientes digitais.

Responsável por um dos maiores burburinhos no Vale do Silício nos últimos dias, o Turntable.fm é uma mistura de aplicativo, sala de bate-papo e rede social para discotecagens coletivas. O usuário pode escolher por entrar em alguma das salas já existentes (a maior parte dividida por gêneros musicais, temas ou de acordo com o local em que seus "DJs" estão, como uma determinada empresa, por exemplo) ou criar a sua própria. Em cada sala até cinco DJs escolhem e tocam as músicas alternadamente e eles, assim como os ouvintes, podem votar se gostaram ou não da música tocada por cada DJ da sala. Votos positivos representam pontos para o DJ e de acordo com a porcentagem de votos negativos a música pode ser interrompida, cedendo o controle para outro DJ. Uma curiosidade é que a sala Coding soundtrack (sempre com muitos usuários/ouvintes) reúne vários programadores do Vale do Silício e até mesmo Marck Zuckerberg, criador do Facebook, dá as caras por lá.

Atualmente o serviço está em fase de testes e você consegue usá-lo somente se algum dos seus amigos no Facebook já for usuário, o que apenas reforça a expectativa ao seu redor e estimula certa valorização de seus usuários. As músicas tocadas podem ser selecionadas diretamente do banco de dados do Turntable ou você pode fazer o upload de um arquivo.



Mesmo com pouco tempo de existência e ainda consertando alguns erros, dá para perceber rapidamente o potencial do Turntable. O visual das salas simula o de um espaço de festas e os DJs ficam posicionados em uma mesa, com os avatares dos ouvintes em frente. Cada vez que alguém "curte" uma música, seu avatar começa a dançar. Novos avatares tornam-se disponíveis à medida que o usuário ganha mais pontos. Ou seja, além de tudo, há uma característica de game que vicia ainda mais o usuário e o estimula a usar a criação de trilhas sonoras como forma de se diferenciar dentro da rede.

Outro ponto positivo é que as salas funcionam, literalmente, como as antigas salas de bate-papo, abrindo caminho para conversas sobre música e interação entre os participantes. Caso você goste muito de um DJ, pode tornar-se fã dele e receber um aviso todas as vezes que ele começar a tocar no Turntable novamente.

Tornar público seu gosto musical não é nenhuma novidade, vide serviços como Last.fm e Grooveshark. Transformar a escolha de músicas em um game social sim, é uma novidade, próxima apenas do que o Blip.fm tentou. A grande diferença é que o Blip.fm se baseia na experiência individual, você é o DJ, você determina toda a trilha sonora. No Turntable, a construção é coletiva. Usar o Blip.fm é como ouvir música alta em casa: as pessoas sabem o que você está ouvindo mas não têm a opção de participar. O Turntable é como fazer uma festa e permitir que os convidados definam o que vai ser tocado e quem deve continuar escolhendo as próximas músicas.

O Turntable já recebeu cerca de $2 milhões em investimentos e virou febre entre funcionários de empresas como Twitter, Facebook, Foursquare e Youtube, para as quais existem salas específicas, evidenciando um grande problema para os patrões: o Turntable é um grande indutor à redução da produtividade nos escritórios, uma vez que é fácil de usar e viciante. Resta saber se a eterna briga entre serviços de streaming e as gravadoras não vai impedir uma pequena revolução em nossos hábitos...

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