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24 de fevereiro de 2007

a trajetória do Mombojó em Belo Horizonte

{ Eu já havia publicado este texto anteriormente no Mazzacane, mas achei mais que merecida a sua inclusão no Meio Desligado }


mombojó, 05.08.04

Episódio 1: 05-08-2004

Em 5 de agosto de 2004 o Mombojó se apresentou em Belo Horizonte pela primeira vez, no festival Eletronika. Na época, a banda havia acabado de lançar seu primeiro álbum, nadadenovo, disponibilizado para download no site da banda e também encartado na revista Outracoisa. Naquele dia o Mombojó era a atração principal de um dos galpões da Casa do Conde, local onde tocavam as atrações mais "orgânicas" e alternativas do festival. Os dj's se apresentavam no então chamado Marista Hall, hoje, Chevrolet Hall.

mombojó, 05.08.04

Aquele show foi mais do que especial, já que, além de ser o primeiro deles na capital mineira, também contava com a participação do coletivo Re:Combo, representado pelo Esquadrão Atari, que fazia colagens sonoras ao vivo sobre as canções da banda (sem nenhum ensaio).

Sim, da platéia ecoaram alguns (poucos) gritos de "Los Hermanos!" e nas conversas era fácil ouvir algum "a voz dele é idêntica à do Fred 04", porém o mais interessante era observar como aquela nova mistura de rock alternativo, mpb, samba, bossa, mangue e eletrônica, soava tão fresca e cativante.

Sete jovens pernambucanos, juntando em cima do palco uma variedade de instrumentos (guitarra, baixo, mini-bateria, cavaquinho, teclado, trompete, escaleta, violão, flauta) à favor da experimentação e prazer do ouvinte.

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Do início, com um tema instrumental com Marcelo Campello na guitarra, seguido de "discurso burocrático / a missa", passando pela cover de Ronnie Von à "faaca" e "deixe-se acreditar", ficava claro que ali estava um grupo singular.


Episódio 2: 27.05.06

Dois anos após sua primeira incursão pela capital mineira, a banda voltou para divulgar seu segundo álbum, Homem-Espuma, lançado pela gravadora Trama. Os boatos sobre o show começaram na internet e a comoção dos fãs foi tal, que o tópico desta apresentação é o mais comentado na comunidade do Mombojó no Orkut, com mais de 480 mensagens. Como era de se esperar, o espaço do Teatro da Biblioteca da Praça da Liberdade não foi suficiente para abrigar os fãs. Os ingressos se esgotaram rapidamente e um segundo show teve de ser marcado para a noite.

Como minha fofa namorada trabalha na Biblioteca e havia descolado ingressos de graça para a primeira apresentação, foi sem pesar que desembolsei mais alguns reais para ver a banda novamente.

No primeiro show, todas as cadeiras lotadas, pessoas sentadas nos corredores e clima de excitação geral. Afinal, para a grande maioria, aquela era a primeira vez junto à banda.

A maior surpresa era perceber como as canções de Homem-Espuma ganham vida ao vivo, mais encorpadas e "pesadas". E também, reparar que Vicente Machado deu um upgrade em sua bateria antes raquítica e nas novas estripulias eletrônicas de Chiquinho, à vontade com seu novo laptop e teclados.

Ali fomos apresentados à já famosa dancinha de Felipe S., munida a uísque. Um baixo mais "vivo" de Samuel e a guitarra precisa de Marcelo Machado, encaixando distorções onde pode, também estavam garantidos. E, é claro, Marcelo Campello e O Rafa, cada vez mais competentes, nos instrumentos de sopro e cavaco.


"Nem Parece", na Biblioteca



Se já estava bom, melhorou ainda mais quando o vocalista Felipe S. disse para as pessoas não se acanharem, levantarem-se e dançar. Se terminasse aí, já estaria ótimo. Mas ainda tinha um show bônus.


Episódio 3: 27.05.06

Depois da difícil tarefa de tirar as pessoas que viram o show anterior de dentro do teatro (eles queriam mais, mais!), iniciou-se a segunda apresentação da noite. Os corredores já não estavam ocupados por pessoas de pé ou sentadas no chão e até mesmo alguns assentos estavam desocupados na parte inferior do Teatro, mas havia um bom público.

Como era de se esperar, foi um show mesmo animado que o primeiro, tanto por parte do público quanto da banda, mas ainda assim muito bom. Com três ou quatro canções diferentes das apresentadas no show anterior, sendo que a maior diferença foi "a missa", que fechou o segundo show e não havia sido tocada no anterior.


mombojó

Episódio 4: 22.10.06

Primeiro, a história do ingresso. Fui informado de que na comunidade da Obra, no Orkut, alguém da (péssima) banda Caipirinhas distribuiria 50 cortesias para o domingo na Conexão Telemig Celular, dia em que se apresentariam tanto o Capirinhas como também o Mombojó. Bastava escrever seu nome em determinado tópico e buscar seu ingresso na Obra, a partir da quinta. Assim, sem sorteio, se você fosse um dos 50 primeiros a escrever, ganhava.

Nesta hora meus perfis falsos no Orkut foram de extremo valor.

Acontece que divulgaram um horário errado para buscarmos os ingressos na Obra. Saí do escritório do Cinema em Cena, onde trabalho, encontrei a bêbada mais charmosa que conheço, e, passado um tempo, fomos para a Obra. E tive que esperar por umas duas horas até que a responsável pelos ingressos finalmente chegasse.

Moral da história?

1. mesmo já tendo visto o Mombojó por três vezes, passei por tudo isto para vê-los mais uma vez, porque é muito bom.

2. até mesmo as bandas muito ruins podem servir para alguma coisa (nem que seja apenas para descolar ingresso para o show de outra banda)

mombojó

E quanto ao show? Cinco meses após os shows anteriores na cidade, grandes mudanças não são esperadas. E não ocorreram. Mas, se você conhece bem o Mombojó, sabe que isso passa longe de ser ruim.

Mesmo sendo noite de domingo, a tenda da Conexão ficou cheia. Começaram com "discurso burocrático / a missa", ao contrário dos shows no teatro. Fez lembrar da primeira vez da banda em BH, tanto pelo início como pelo ambiente. O baixista Samuel agora também arrumou para si um teclado, com o qual faz pequenas intervenções (entenda-se como "ruídos esquisitos") em algumas das músicas. Não tocaram "o céu, o sol, o mar" e, mesmo com os pedidos dos fãs, também não tocaram "cabidela". Para variar, nenhum bis. Mas que já havia sido apresentado era suficiente para espalhar sorrisos pela madrugada.

mombojó

É engraçado reparar que, junto da "fama", vem os fãs idiotas e menininhas histéricas gritando em frente ao palco. Pessoas que necessitam de ícones fugazes a serem idolatrados, não basta a música. E, para piorar, prendem suas atenções e adoração ao vocalista. Em uma banda como o Mombojó, mais do que na grande maioria das outras, não há um sujeito que se sobressaia. O cunjunto, o "todo", é fundamental para a obra do grupo. Entende? Grupo. Mas tente falar isto com a menina debruçada na barra de proteção...

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Mais fotos de shows do Mombojó você vê no meu Flickr. [todas as fotos acima, de minha autoria, exceto a terceira, "felipe esverdeado", feita por João Perdigão]

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