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29 de fevereiro de 2012

2012: o ano de BH?

Possuo 33 textos inacabados salvos na pasta de rascunhos do Meio Desligado. Desde a cobertura de um show do Ludovic em 2007 à minha experiência no primeiro festival Planeta Terra, alguns textos não foram publicados por perderem o momento correto de publicação ou simplesmente por não serem finalizados com qualidade.

O texto abaixo foi escrito entre o fim de 2008 e o início de 2009, seu título original era "2009: o ano de BH?". Ele não foi publicado porque até o dia 22 de Março de 2009 sofria eventuais alterações, principalmente em uma listagem de bandas e projetos culturais em atividade no período que finalizava o artigo (e que não foi incluída nesta versão).

Festival s.e.n.s.a.c.i.o.n.a.l, realizado de forma independente, na Praça da Liberdade
Agora, no início de 2012, me parece que o atraso em sua publicação não foi em vão. As palavras estão intactas e refletem melhor o momento atual da cena cultural de BH do que anteriormente (parece que minhas expectativas estavam três anos adiantadas). Ao ler os parágrafos abaixo identifico o ímpeto transformador que resulta em ações como o carnaval de rua de Belo Horizonte, o desenvolvimento do público e das bandas locais, a discussão do uso do espaço público para atividades culturais e a realização de eventos cada vez mais s.e.n.s.a.c.i.o.n.a.i.s pela cidade. Mais do que nunca, sinto orgulho de fazer parte disso e mais motivado ainda a continuar contribuindo, mesmo que minimamente, para a construção de uma cena mais diversificada, movimentada, acessível e _________ (complete com outros adjetivos positivos e empolgantes/empolgados).

Chega de falação. Com vocês, a máquina do tempo meio desligada.

Você já se sentiu vivendo um momento especial, não referente apenas à sua vida pessoal, mas sim a um tempo específico, um momento histórico no qual você está inserido e suas próprias ações poderão influenciar diretamente, mesmo que em pequena escala, tudo o que virá adiante? Várias vezes ao longo do último ano tive essa sensação. Durante conversas, eventos, refletindo sobre variadas questões ou simplesmente vagando enquanto observava a arquitetura da cidade, a impressão de que algo importante e único estava sendo realizado e/ou tramado naqueles instantes pela capital mineira (e região) era ao mesmo tempo instigante e preocupante. 
Estariam pequenos levantes artístico-ativistas sendo organizados em botecos, blogs e Gmails ou seria esse apenas mais um reflexo do tédio da juventude de classe média? O tempo de duração da empolgação de cada pessoa diferencia um passatempo de um princípio ideológico. Ter a noção de que a movimentação em curso pode resultar tanto em ações profundas e alterações nas vidas de muitas pessoas como pode terminar precocemente (algo bom no início, mas que após um breve período de prazer intenso será deixado de lado e trocado pelo retorno à rotina e a indiferença) pode ser perturbador.
Muitas pessoas dependem que lhes mostrem como e qual é o momento em que estão vivendo, para só então terem uma visão (um pouco) mais ampla da situação. Um papel cada vez mais aberto à atuação da internet e suas crescentes e multiplicadoras possibilidades. 
Os próprios agentes da mudança perpetrada atualmente talvez subestimem o valor de suas ações e é por isso que acredito ser importante listá-las e reuní-las, não apenas para que o restante do país se informe sobre o que está em execução por estes lados, mas para que a própria cena tenha conhecimento de si própria, se conecte, critique, amplie, desenvolva. É preciso se conhecer e se auto-avaliar para evoluir. 
Talvez eu esteja errado e esse seja apenas um movimento cíclico ocorrido a cada geração. Ou talvez seja somente uma visão extremamente pessoal. Não importa a reposta, não tenho dúvida de que os últimos meses foram extremamente estimulantes e têm apresentado uma nova maneira de relacionamento com a cultura e todas as variadas ações que a envolvem.
Em 2007, a chamada “cultura alternativa”, em especial o rock independente, foi tomado por uma usina em expansão intitulada Fora do Eixo, responsável por estabelecer uma estratégia de circulação de conhecimento, desenvolvimento das cenas locais e aproximação entre ações culturais e sócio-econômicas. O ano de 2008 foi marcado pela descentralização, seja ela de festivais, informação ou conteúdo. Obviamente, não se trata de um ambiente totalmente descentralizado, porém melhor distribuído do que nunca anteriormente. 
A meu ver, 2009 é o ano em que Belo Horizonte (e Minas?) poderá ser tomada como exemplo para que outras cenas culturais desenvolvam trabalhos relevantes, não-limitados ao entretenimento e que perpetuem, gerando novas e conceituadas (além de conceituais) ações. E o interessante é que muitos dos responsáveis por tudo isso são pessoas com seus vinte e poucos anos, a geração mais bem informada e multicultural da história, que têm às mãos a internet e possibilidades de execução de ideias com baixos custos. Enfrentando a falta de conhecimento e de informação (informação é conhecimento?), conservadorismo e preguiça, fortes empecilhos que resultam em menos espaços e verba, alternativas são buscadas para viabilizar ideias e concretizar desejos divididos coletivamente. 
Não importa de onde você é ou onde está, a informação contida aqui, em dezenas de outros blogs e listas de discussão pode mudar sua visão e/ou estimular novos pensamentos sobre arte, cultura, Belo Horizonte ou qualquer outra coisa. Cada ação é extremamente importante. Lembre-se disso. 
E só pra não terminar tão otimista e manter os pés no chão:

Ps: somente os quadrinhos do Malvados foram adicionados no texto original.

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