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29 de junho de 2009

Reações e experimentos audiovisuais

Frame das imagens criadas a partir dos sons da Praça 7
Um dos projetos mais legais em que já estive envolvido é o Reações Visuais, que nesta quarta-feira, 1° de julho, chega ao fim de uma etapa com a apresentação de quatro obras audiovisuais criadas a partir dos sons emitidos no centro de Belo Horizonte. L_ar e Lise, dupla responsável pelo que será apresentado, é a mesma que no final do ano passado fechou o Pequenas Sessões.

Publiquei um texto e entrevista com os dois no Overmundo e reproduzo alguns trechos abaixo.

"As “paisagens sonoras” resultantes da movimentação no hipercentro da cidade de Belo Horizonte, em meio ao contexto tipicamente urbano marcado por sons gerados por automóveis, pedestres e uma enorme variedade de personagens, são o ponto de partida do projeto Reações Visuais. A partir do registro sonoro de ambientes como a Praça Sete e o Parque Municipal Américo Renné Giannetti inicia-se o processo de transformação e reapresentação das “paisagens sonoras” em reações visuais: imagens resultantes da interferência tecnológica e da manipulação humana.

Frame das imagens criadas a partir dos sons da Rua Guaicurus, região dos prostíbulosO artista plástico e arquiteto Leandro Araújo, idealizador do projeto, explica que o desenvolveu como “uma aplicação da arte e tecnologia para um diálogo com o espaço público que passasse pela música contemporânea e pela software-arte”. A ideia surgiu ainda quando vivia na Europa a partir de seu contato com obras e artistas que relacionavam a música eletrônica à software-arte e, aliada à sua bagagem como arquiteto, resultou em um projeto próximo aos debates sobre o espaço urbano. Marcado pela sinestesia, o projeto Reações Visuais explora possibilidades da interlocução entre o espaço urbano, arte contemporânea e novas tecnologias através de uma abordagem estética e teórica.

No dia 1° de julho, quarta-feira, o Reações Visuais chega ao fim de sua primeira fase com a performance audiovisual realizada por Leandro Araújo e o músico Daniel Nunes nos jardins internos do Palácio das Artes. Imagens digitais serão criadas em tempo real por Leandro, a partir dos sons gravados nas ruas, e serão projetadas nas paredes do espaço enquanto Daniel manipulará o áudio registrado, inserindo novas camadas, buscando uma forma de concepção visual e sonora inédita.

Daniel explica que os sons registrados “são irregulares, e em sua grande parte, ruídos, o que desperta uma grande curiosidade em ordená-los criando nossa (ir)regularidade”. E, citando José Miguel Wisnik, explica um pouco da relação entre os ruídos da cidade e a criação artística que apresentarão:
“O som é um traço entre o silêncio e o ruído (nesse limiar acontecem as músicas)".

A performance marca o início da instalação que leva de volta à rua o resultado da obra inspirada pelo espaço urbano. Durante 15 dias, obras visuais criadas por Leandro Araújo a partir das “paisagens sonoras” estarão expostas nos abrigos dos pontos de ônibus ao longo da Avenida Afonso Pena, no centro de BH, permitindo que os agentes criadores dos sons que inspiraram o processo artístico do artista tenham contato direto com as obras finais."

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