O que mais me lembrou das antigas performances do Los Hermanos no show do Little Joy em Belo Horizonte no último sábado não estava no palco e também não seguia as belas melodias da banda: a histeria do público. Qualquer movimento, sorriso ou dancinha (sutil) executada por qualquer um dos três principais membros da banda (que se apresenta ao vivo como um sexteto) transformou-se em motivo para gritos coletivos ensurdecedores e mãos ao ar.
Relegada a segunda plano, em favorecimento às figuras dos ídolos, a música, em si, cumpriu bem sua função. Encorpadas e mais animadas, as canções funcionaram bem melhor do que em estúdio.
Elevado ao status de ídolo quase-estrangeiro (o que me faz lembrar desse vídeo), Rodrigo Amarante esteve mais do que à vontade como frontman do Little Joy, enquanto Fabrizio Moretti cumpria seu papel coadjuvante com sorriso largo, contemplava a exaltação de seus conterrâneos abandonados e levava ao delírio meninas e meninos, ao mesmo tempo em que Binki Shappiro parecia ser a personificação da bailarina de caixinha de música versão indie (ou talvez fosse só efeito das 12 latas de cerveja, que além desta possível alucinação também provocaram uma noite engraçada na porta da sauna).
Até mesmo os cambistas saíram alegres, já que o público lotou o Music Hall (capacidade para duas mil pessoas) e a meia-entrada, antes vendida por R$ 35 na bilheteria, estava sendo negociada por até R$ 100. Big business (lembra?).
Foto: Marcelo Santiago (vulgo "EU")