
Com a esperança de pegar um um broto brasiliense em mente (e também com intuitos "jornalísticos", é claro), tentei marcar uma entrevista com a banda antes do show. "Elas ficarão bêbadas, com certeza, enchendo a cara de graça, e isso facilitará para que minha abordagem seja certeira", passava em minha mente (ou quase isso, trocando o vocabulário correto por um monte de gírias e termos chulos, tipo "vai sê enrabada mermo, porra!").
Para minha sorte, ninguém da banda utiliza o MySpace ou visita a comunidade da banda com a devida frequência e por isso a entrevista não foi marcada. Digo que tive sorte porque, na verdade, e para minha infeliz surpresa, a banda é formada por quatro indiezinhos feios-nerds (com exceção do guitarrista/tecladista, que é um gatinho, ui!)! Você pode até levar a sua vida de acordo com as bundas e peitos que encontra pela frente, mas, definitivamente, sua vida jornalística não pode ser definida por outra cabeça além da que você leva (por enquanto) acima do pescoço.

Boa parte do público presente estava ali para prestigiar a atração local, Retrigger, projeto de breakcore (ou qualquer outro nome que queiram dar música ultra acelerada e esquizofrênica, cheia de samples e influências que vão do jazz ao industrial) e de certo renome na cena eletrônica underground. E foi, com certeza, uma apresentação histórica, durando cerca de dez segundos. Tempo suficiente para o Raul, o homem por trás do projeto, dizer algumas palavras inescutáveis em seu megafone e perceber que seu notebook havia dado pau. Fim do show.
Chegando ao Club Silêncio, à decepção visual somou-se certa decepção sonora. Apesar de algumas boas passagens instrumentais, mesclando electro e distorções à la Jesus And Mary Chain, o som tem pouca identidade e o vocal é péssimo. Pouco adianta dar nomes excelentes para as suas músicas, como "Depeche Mode" e "Carla Perez", se elas são ruins (correção: "Depeche Mode" é a melhor canção da banda até o momento. Na categoria de "músicas ruins com bons nomes" entram, na verdade, a já citada "Carla Perez", "Sandy" e "Vem Baiana", entre outras). Na maior parte do tempo, a melhor opção era torcer para que o vocalista ficasse calado e observar as viradas do ótimo baterista da banda. Ao que tudo indica, não é o caso de uma banda ruim, mas apenas despreparada ou "crua" demais.

Ao menos consegui fazer algumas fotos legais...