Da pesquisa realizada para o post anterior surgiu a inevitável comparação entre as linhas editoriais da [ ] Zero e da Frente, mas surgiu também a necessidade de comparação entre elementos da cena alternativa nacional daquela época com a atual.
Eis, portanto, uma breve recapitulada sobre os artistas nacionais presentes nas duas edições e o que foi dito por/sobre eles.
Na revista [ ] Zero nº1 a música brasileira estava presente através de uma matéria de quatro páginas sobre a volta do RPM; a indicação de um álbum do Ultrage a Rigor como "fundamental"; algumas recomendações feitas pela Simone, ex-baixista do Autoramas; e resenhas de artistas como Rodox, Engenheiros do Havaí, Thee Butchers' Orchestra e Acústicos & Valvulados.
Apenas cinco anos se passaram e eu me pergunto: "onde estão Rodox, Thee Butchers' Orchestra e Acústicos & Valvulados?". Deixa pra lá...
Uma das coisas mais engraçadas de se ler agora, naquela edição da [ ] Zero, é a matéria sobre o show de lançamento do Bloco do Eu Sozinho, 2º álbum do Los Hermanos. Na época a banda tinha um futuro incerto e vinha com um álbum muito diferente do que o anterior, que os havia alçado à categoria de fenômeno pop. O resultado do Bloco..., com suas tubas, incursões pela MPB e abandono das influências ska, todo mundo conhece.
Mas é a seção "talking about my generation" a que mais chama atenção em se tratando de cena indie brasileira, com textos sobre (pasmem) Kiko Zambianchi, Grenade e Faichecleres.
Eis a abertura do texto sobre o Faichecleres: "Um amigo viu o show e teve vontade de jogar todos os discos no lixo e começar a coleção do zero. Outro organizou um festival só para poder chamar os caras para tocar".
Algum desavisado poderia ler isto agora e perguntar: "Mas, então, estes caras se tornaram uma espécie de novo Nirvana brasileiro, um puta hype ou algo do tipo?". Não. Apareceram na MTV algumas vezes e tocaram em algumas bibocas pelo país afora, enchendo a cara e ficado um pouco mais surdo a cada dia. Rock and Roll.
Já a Frente nº 1 estava muito mais focada no produto nacional, fato explicitado pela capa da edição, que trazia os nomes dos artistas que estavam "reconstruindo o pop brasileiro". Estes artistas eram: Marcelo D2, Pato Fu, Rodox, Los Hermanos, Cachorro Grande, DJ Patife, Thee Butchers' Orchestra e Sonic Júnior.
Destes, D2 realmente se firmou entre os maiores nomes do pop nacional; o Pato Fu já era famoso na época e mantém uma carreira regular; Rodox sumiu do mapa; Los Hermanos é talvez a única banda adorada tanto no mainstream quanto no underground brasileiro; a carreira do DJ Patife caiu junto com a febre do drum'n'bass; Thee Butchers' Orchestra acabou (ou ao menos está parado por tempo indeterminado); pouco (ou nada) se fala do Sonic Júnior e o Cachorro Grande segue uma trajetória mtvesca que vem rendendo shows pelo país afora e participações em grandes festivais (vide Claro Q É Rock e Pop Rock Brasil).
A enorme matéria, de 20 páginas, pode ser baixada aqui (as páginas foram digitalizadas em baixa resolução) .
As bandas que tinham músicas no CD encartado na revista, em sua maioria, também não tiveram um futuro feliz.
Rápida análise:
1. Astromato: acabou.
2. Cachorro Grande: cresceu, como foi dito no parágrafo acima.
3. PB: quem?
4. Los Hermanos: consolidou-se na cena musical brasileira, respeitada no meio indie e mainstream, como também já foi dito no parágrafo acima.
5. Professor Antena: nunca mais ouvi falar.
6. Magazine: voltou para o limbo ("de onde não deveria ter saído?").
7. Wander Wildner: continua na mesma.
8. Casino: nunca mais ouvi falar.
9. Wado: cresceu relativamente, em meio a um público restrito.
10. Sonic Júnior: na mesma.
11. Instituto e Sabotage: o primeiro está cada vez mais renomado em meio à crítica, o segundo, morto.
12. Stereo Maracanã: acabou?
13. Thee Butchers' Orchestra: acabou.
14. MQN: na mesma.
15. Mini: como não é um projeto "sério", pode-se dizer que está na mesma.
Outros nomes que apareceram na revista foram Fellini, De Falla, CPM 22 e Frank Jorge, além de diversos outros artistas nacionais que tiveram resenhas de seus álbuns publicadas, como Lobão, Nando Reis e Momento 68. Mas nenhum deles em uma passagem tão engraçada de ser lida atualmente como a do Forgotten Boys. Eis o que Chuck Hipolitho disse à revista na época:
Três anos depois, mais precisamente em setembro de 2005, a banda lançou o álbum Stand By The D.A.N.C.E., mesclando canções em inglês e português, como "Não Vou Ficar" e "5 mentiras" (que você confere ao lado), ambas com vídeos veiculados na MTV (onde, aliás, Chuck trabalhou).
Então tá.
Eis, portanto, uma breve recapitulada sobre os artistas nacionais presentes nas duas edições e o que foi dito por/sobre eles.
Na revista [ ] Zero nº1 a música brasileira estava presente através de uma matéria de quatro páginas sobre a volta do RPM; a indicação de um álbum do Ultrage a Rigor como "fundamental"; algumas recomendações feitas pela Simone, ex-baixista do Autoramas; e resenhas de artistas como Rodox, Engenheiros do Havaí, Thee Butchers' Orchestra e Acústicos & Valvulados.
Apenas cinco anos se passaram e eu me pergunto: "onde estão Rodox, Thee Butchers' Orchestra e Acústicos & Valvulados?". Deixa pra lá...
Uma das coisas mais engraçadas de se ler agora, naquela edição da [ ] Zero, é a matéria sobre o show de lançamento do Bloco do Eu Sozinho, 2º álbum do Los Hermanos. Na época a banda tinha um futuro incerto e vinha com um álbum muito diferente do que o anterior, que os havia alçado à categoria de fenômeno pop. O resultado do Bloco..., com suas tubas, incursões pela MPB e abandono das influências ska, todo mundo conhece.
Mas é a seção "talking about my generation" a que mais chama atenção em se tratando de cena indie brasileira, com textos sobre (pasmem) Kiko Zambianchi, Grenade e Faichecleres.
Eis a abertura do texto sobre o Faichecleres: "Um amigo viu o show e teve vontade de jogar todos os discos no lixo e começar a coleção do zero. Outro organizou um festival só para poder chamar os caras para tocar".
Algum desavisado poderia ler isto agora e perguntar: "Mas, então, estes caras se tornaram uma espécie de novo Nirvana brasileiro, um puta hype ou algo do tipo?". Não. Apareceram na MTV algumas vezes e tocaram em algumas bibocas pelo país afora, enchendo a cara e ficado um pouco mais surdo a cada dia. Rock and Roll.
Já a Frente nº 1 estava muito mais focada no produto nacional, fato explicitado pela capa da edição, que trazia os nomes dos artistas que estavam "reconstruindo o pop brasileiro". Estes artistas eram: Marcelo D2, Pato Fu, Rodox, Los Hermanos, Cachorro Grande, DJ Patife, Thee Butchers' Orchestra e Sonic Júnior.
Destes, D2 realmente se firmou entre os maiores nomes do pop nacional; o Pato Fu já era famoso na época e mantém uma carreira regular; Rodox sumiu do mapa; Los Hermanos é talvez a única banda adorada tanto no mainstream quanto no underground brasileiro; a carreira do DJ Patife caiu junto com a febre do drum'n'bass; Thee Butchers' Orchestra acabou (ou ao menos está parado por tempo indeterminado); pouco (ou nada) se fala do Sonic Júnior e o Cachorro Grande segue uma trajetória mtvesca que vem rendendo shows pelo país afora e participações em grandes festivais (vide Claro Q É Rock e Pop Rock Brasil).
A enorme matéria, de 20 páginas, pode ser baixada aqui (as páginas foram digitalizadas em baixa resolução) .
As bandas que tinham músicas no CD encartado na revista, em sua maioria, também não tiveram um futuro feliz.
Rápida análise:
1. Astromato: acabou.
2. Cachorro Grande: cresceu, como foi dito no parágrafo acima.
3. PB: quem?
4. Los Hermanos: consolidou-se na cena musical brasileira, respeitada no meio indie e mainstream, como também já foi dito no parágrafo acima.
5. Professor Antena: nunca mais ouvi falar.
6. Magazine: voltou para o limbo ("de onde não deveria ter saído?").
7. Wander Wildner: continua na mesma.
8. Casino: nunca mais ouvi falar.
9. Wado: cresceu relativamente, em meio a um público restrito.
10. Sonic Júnior: na mesma.
11. Instituto e Sabotage: o primeiro está cada vez mais renomado em meio à crítica, o segundo, morto.
12. Stereo Maracanã: acabou?
13. Thee Butchers' Orchestra: acabou.
14. MQN: na mesma.
15. Mini: como não é um projeto "sério", pode-se dizer que está na mesma.
Outros nomes que apareceram na revista foram Fellini, De Falla, CPM 22 e Frank Jorge, além de diversos outros artistas nacionais que tiveram resenhas de seus álbuns publicadas, como Lobão, Nando Reis e Momento 68. Mas nenhum deles em uma passagem tão engraçada de ser lida atualmente como a do Forgotten Boys. Eis o que Chuck Hipolitho disse à revista na época:
"Acho que se a gente cantasse em português, seria um estouro. Falo isso sem modéstia nenhuma, mesmo. Mas é uma pena você ter de mudar o jeito que pensa para poder vender mais. Não queremos isso".
Três anos depois, mais precisamente em setembro de 2005, a banda lançou o álbum Stand By The D.A.N.C.E., mesclando canções em inglês e português, como "Não Vou Ficar" e "5 mentiras" (que você confere ao lado), ambas com vídeos veiculados na MTV (onde, aliás, Chuck trabalhou).
Então tá.