Tendo explicado isso, posso finalmente escrever sobre o 53 HC Fest, realizado pela loja/selo 53 HC em Belo Horizonte nos últimos sexta e sábado, dias 8 e 9 de dezembro, no Lapa Multshow.
Primeira consideração: Público.
* Formado principalmente por menininhos e menininhas de franjinha no rosto, cintos de tachinhas, tênis Vans e All-Star e muitos, muitos bonés. Comentário do camarada do bar com o Bart (organizador do evento): "Porra, velho, esse show seu só tem moleque! É fóda!". Tanto que, na hora de comprar bebida, pela primeira vez no Lapa vi as pessoas tendo que mostrar a identidade. Mas isso não adiantava muito, ainda mais se levarmos em consideração que esse povo fica bêbado com duas latas de Kaiser e depois tenta vomitar com classe pra não atrapalhar o penteado. Tsc.
* Em um festival de hardcore, qual foi a música tocada pelo dj que mais animou o público? Adivinhe... "last nite", do Strokes. Sim. E enquanto tocava The Clash e Dead Kennedys, simplesmente não havia reação. "Meu Deus em quem eu não acredito, eles não conhecem esses sons!". Sim, é verdade. E o que dizer quando o dj teve a boa vontade de mostrar algo de bom e acessível, tocando "bigmouth strikes again" do The Smiths ou "rock and roll queen" do hype esperto The Subways? Ooooh. Nada. E por incrível que pareça, algumas pessoas me disseram que o público parecia mais animado durante o som mecânico do que durante os shows. Pudera...
Os shows
O início estava marcado para as 17 horas, cheguei às 20 e perdi Sonary e Monno (ambas de MG). Senti apenas por causa da Monno, é uma ótima e promissora banda, apesar de ainda soar melhor em estúdio do que ao vivo. Em um futuro post você poderá ler mais sobre eles.
Voltinhas pelo Lapa, observando a tietagem underground (porque isso existe, e muito), até começar a fraca apresentação da capixaba Volume 7, nova banda do Murilo, ex-Dead Fish. Péssimo nome, som idem. A não ser que você seja um super fã de CPM 22 e Dead Fish fase atual. Se fosse uma banda instrumental, seria aceitável. Fala do vocalista para o público: "isso aqui não tá parecendo um show de hardcore". Concordo.
Antemic - ainda aqui
Mais pausa e depois, Antemic (ES). Detalhe: na Trama Virtual, eles descrevem seu som como post rock. Ha ha ha ha. Sim. E aquele barulho que faço quando estou cagando com diarréia eu chamo de grindcore.
Esquecendo esta tentativa ridícula de maquiar seu hardcore emo de algo mais interessante, o som, em alguns poucos momentos, é quase aceitável. Eu disse quase. Uma espécie de wannabe Jimmy Eat World, mas sem a manha para fazer hits punk pop descartáveis e que acaba soando às vezes como ForFun (sic). Parece que a vontade de ser um novo CPM 22 é uma das coisas que mais afetam a atual cena hardcore teen, que alguns anos atrás rendia tantas bandas engraçadas de ruins, mas ao menos toscas, sujas e com letras idiotas cantadas naquele inglês errado. Ao menos eram divertidas. Agora, a maioria continua ruim, com a diferença de que são letras bobinhas (de novo) aos montes em português e melodias pop misturadas à distorção. E claro, tudo nem um pouco original.
E mais um ponto negativo para a banda: no MySpace, eles disponibilizaram apenas UMA música para download, deixando as outras duas disponíveis apenas para audição. Enquanto até as bandas alternativas tiverem este tipo de pensamento imbecil e retrógrado, relutando em tornar suas músicas o mais próxima possível do público, elas continuarão a se fuder.
Calma, calma. Finalmente chegou o momento do melhor show da noite. Ludovic (SP). Famosos pela energia de seus shows, o quinteto paulistano mostrou a razão pela qual são tão falados em meio à cena alternativa brasileira.
Desde o início, com a ótima "boas sementes, bons frutos", a banda despejou sobre a despreparada platéia uma massa sonora pós punk, remetendo a Sonic Youth e Joy Division, e completada pelas boas letras da banda. Uma pena que o equipamento disponível não estivesse à altura do que eles merecem, o que prejudicou principalmente o entendimento das letras (parte crucial do Ludovic).
O vocalista Jair lembra Ian Curtis e Johnny Rotten ao mesmo tempo, sem parecer forçado. E, quando diz ao microfone que a platéia ali presente é imbecil, e o festival, uma merda (não exatamente com estas palavras, mas extremamente próximo disso), um sorriso no rosto de quem ainda tem cérebro é inevitável. Aos outros, restaram gritinhos ao estilo "eu sou emo mesmo, e daí?", como os vindos da menina à minha frente, puta pelo vocalista ter utilizado a expressão "bobagens emo".
Parafraseando o próprio Jair, "azar o seu querida".
Gramofocas (DF - foto) foi difícil de aturar. Punk rock banal, som ruim, vocal idem = chato, chato. Aquele tipo de banda que toca para roqueiro do interior encher a cara e dizer que "esses cara são muito lôco". Nem o bom-humor na hora de nomear as músicas ("country song (nofx should listen more ramones)", "você é meu rolinho parmalat") e nas letras ("sempre que eu fico feliz eu bebo / e se eu fico triste eu bebo também") consegue salvar.
Gramofocas - sempre que eu fico feliz eu bebo
Carbona (RJ) foi a próxima e, da mesma forma, difícil de aguentar. Tão difícil que fui embora logo após as três primeiras músicas. Sabe aquela bandinha punk que seu ex-colega de escola montou e que até tem algumas músicas "legaizinhas", porém descartáveis, e todas parecem ser a mesma? Carbona.
E sobre o Aditive (SP), que fechou a noite e foi talvez a maior responsável pelos emos presentes? Escute Fresno, Hateen ou NxZero e saberá do que se trata.
[Ps1.: fotos Ludovic: marcelo a. santiago / foto Gramofocas: divulgação.
Ps2.: faça o download das músicas acima aqui]

* Formado principalmente por menininhos e menininhas de franjinha no rosto, cintos de tachinhas, tênis Vans e All-Star e muitos, muitos bonés. Comentário do camarada do bar com o Bart (organizador do evento): "Porra, velho, esse show seu só tem moleque! É fóda!". Tanto que, na hora de comprar bebida, pela primeira vez no Lapa vi as pessoas tendo que mostrar a identidade. Mas isso não adiantava muito, ainda mais se levarmos em consideração que esse povo fica bêbado com duas latas de Kaiser e depois tenta vomitar com classe pra não atrapalhar o penteado. Tsc.
* Em um festival de hardcore, qual foi a música tocada pelo dj que mais animou o público? Adivinhe... "last nite", do Strokes. Sim. E enquanto tocava The Clash e Dead Kennedys, simplesmente não havia reação. "Meu Deus em quem eu não acredito, eles não conhecem esses sons!". Sim, é verdade. E o que dizer quando o dj teve a boa vontade de mostrar algo de bom e acessível, tocando "bigmouth strikes again" do The Smiths ou "rock and roll queen" do hype esperto The Subways? Ooooh. Nada. E por incrível que pareça, algumas pessoas me disseram que o público parecia mais animado durante o som mecânico do que durante os shows. Pudera...
Os shows
O início estava marcado para as 17 horas, cheguei às 20 e perdi Sonary e Monno (ambas de MG). Senti apenas por causa da Monno, é uma ótima e promissora banda, apesar de ainda soar melhor em estúdio do que ao vivo. Em um futuro post você poderá ler mais sobre eles.
Voltinhas pelo Lapa, observando a tietagem underground (porque isso existe, e muito), até começar a fraca apresentação da capixaba Volume 7, nova banda do Murilo, ex-Dead Fish. Péssimo nome, som idem. A não ser que você seja um super fã de CPM 22 e Dead Fish fase atual. Se fosse uma banda instrumental, seria aceitável. Fala do vocalista para o público: "isso aqui não tá parecendo um show de hardcore". Concordo.
Antemic - ainda aqui
Mais pausa e depois, Antemic (ES). Detalhe: na Trama Virtual, eles descrevem seu som como post rock. Ha ha ha ha. Sim. E aquele barulho que faço quando estou cagando com diarréia eu chamo de grindcore.
Esquecendo esta tentativa ridícula de maquiar seu hardcore emo de algo mais interessante, o som, em alguns poucos momentos, é quase aceitável. Eu disse quase. Uma espécie de wannabe Jimmy Eat World, mas sem a manha para fazer hits punk pop descartáveis e que acaba soando às vezes como ForFun (sic). Parece que a vontade de ser um novo CPM 22 é uma das coisas que mais afetam a atual cena hardcore teen, que alguns anos atrás rendia tantas bandas engraçadas de ruins, mas ao menos toscas, sujas e com letras idiotas cantadas naquele inglês errado. Ao menos eram divertidas. Agora, a maioria continua ruim, com a diferença de que são letras bobinhas (de novo) aos montes em português e melodias pop misturadas à distorção. E claro, tudo nem um pouco original.
E mais um ponto negativo para a banda: no MySpace, eles disponibilizaram apenas UMA música para download, deixando as outras duas disponíveis apenas para audição. Enquanto até as bandas alternativas tiverem este tipo de pensamento imbecil e retrógrado, relutando em tornar suas músicas o mais próxima possível do público, elas continuarão a se fuder.
Desde o início, com a ótima "boas sementes, bons frutos", a banda despejou sobre a despreparada platéia uma massa sonora pós punk, remetendo a Sonic Youth e Joy Division, e completada pelas boas letras da banda. Uma pena que o equipamento disponível não estivesse à altura do que eles merecem, o que prejudicou principalmente o entendimento das letras (parte crucial do Ludovic).

Gramofocas - sempre que eu fico feliz eu bebo
Carbona (RJ) foi a próxima e, da mesma forma, difícil de aguentar. Tão difícil que fui embora logo após as três primeiras músicas. Sabe aquela bandinha punk que seu ex-colega de escola montou e que até tem algumas músicas "legaizinhas", porém descartáveis, e todas parecem ser a mesma? Carbona.
E sobre o Aditive (SP), que fechou a noite e foi talvez a maior responsável pelos emos presentes? Escute Fresno, Hateen ou NxZero e saberá do que se trata.
[Ps1.: fotos Ludovic: marcelo a. santiago / foto Gramofocas: divulgação.
Ps2.: faça o download das músicas acima aqui]