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26 de dezembro de 2019

Melhores músicas brasileiras de 2019

Assim como a maioria das listas, esta é reflexo de quem a fez, baseado nas suas experiências e limitações. Dito isso, vale registrar que hoje a lista tem 40 músicas mas será atualizada à medida que novas descobertas forem feitas. Então, quem se interessar pode segui-la no Spotify. A ordem é uma mistura de gosto pessoal, relevância no contexto musical de 2019 e construção de sentido no formato de playlist (rupturas e momentos de continuidade são propositais).



Breves comentários sobre cada faixa


deafkids _ "Templo do caos"
Poderia ter colocado "Vírus da imagem do ser" ou "Mente bicameral", mas "Templo do caos" serve bem como introdução para quem não conhecer a banda. Tem reforçado seu nome como banda cultuada no underground internacional, como demonstram as turnês e os comentários da imprensa gringa.

FBC _ "Confio"
Padrim, o disco de 2019 do FBC, é dos melhores do ano. Mais trap do que o anterior, S.C.A (acrônimo de Sexo, Cocaína e Assassinato), tem em "Confio" um de seus momentos mais pesados, com participação da rapper Ebony. "Money manin" é outra música que vale destaque.

Baleia _ "Duelo fantasma (epílogo sórdido)"
Uma das melhores bandas da atualidade, não apenas do Brasil. Essa música resume bem as qualidades e ambições do Baleia, o cuidado com os detalhes e as dinâmicas. "Eu estou aqui" e "A mesma canção" são ainda melhores e fazem parte do mesmo EP, mas foram lançadas como single em 2018.

Yma _ "Colapso invisível"
A grande estreia do indie brasileiro em 2019. Os hits "Par de olhos" e "Vampiro" são mais conhecidas, todas igualmente boas.

O Terno _ "Pegando leve"
Nunca consegui ouvir um disco inteiro d'O Terno, apesar de os shows serem excelentes. Mesmo assim, não impede que essa faixa seja considerada uma das melhores e mais viciantes do ano. Desconheço outra banda que defina tão bem a vida do jovem millenial de classe média (pode parecer uma crítica mas aqui destaco como algo positivo ¯\_(ツ)_/¯).

Boogarins _"Sombra ou dúvida"
Pop moderno que ganha corpo ao vivo e vai além da psicodelia moderna que tornou a banda famosa.

Vhoor _ "Mais do que nunca"
Dj de menos de 20 anos, da periferia de BH. Trap com funk, parte do EP Acima, feito em parceria com o dj americano Sango.

Kinah Hamilton _ "Elianeh"
Outra descoberta de 2019. Projeto de Goiânia, do mesmo sujeito responsável pelo selo Propósito Recs. Experimental e hipnótico (todo o disco).

Kevin O Chris _ "Evoluiu"
Um dos maiores hits de 2019, nas baladas de boy e na periferia, enquanto a criminalização do funk continua.

Sidoka _ "Contas"
Dos principais nomes do trap brasileiro, Sidoka tem 20 e poucos anos e também é de BH. Não é por acaso que o disco se chama Doka language (ouça e entenda).

Petbrick _ "Guacamole handshake"
Banda nova do Iggor Cavalera. Industrial tribal, essa faixa é das menos agitadas do disco de estreia da banda.

Ebony _ "Bratz"
"Falar que não é trap porque eu sou mulher, vê se tu me respeita / Sinto informar mas eu rimo com a boca, não com a buceta".

Rakta _ "Miragem"
Das mais enérgicas e pós-punk do álbum Falha Comum (que merece mais do que um breve comentário preguiçoso, então talvez depois eu publique algo mais completo sobre).

Papisa _ "Terra"
Se Rakta é bruxaria darkzêra, destrutiva, Papisa é a energia oposta, carregada de clima místico porém positiva, de criação. É a trilha da reconstrução pós-apocalíptica.

Jair Naves _ "Veemente"
Disputa acirrada com "Deus não compactua", o outro single do disco Rente. Vence esta pela letra. "Minha terra é uma bomba a ponto de explodir / Minha gente é uma bomba a ponto de explodir".

Labaq _ "Glow"
Climática e sensível, "Glow" sintetiza o talento de Labaq. Com elementos minimalistas e ótimos arranjos, cria uma atmosfera intimista e evolvente, assim como faz (sozinha) ao vivo.

Mc Tha _ "Rito de passá"
Esse foi o ano da Mc Tha, presença constante nos festivais pelo país. "Rito de passá " é o melhor momento da sua mistura de funk e umbanda.

Mc Rebecca _ "Sento com talento"
Um dos maiores hits da Mc Rebecca, junto de "Cai de boca" e "Coça de xereca", do ano passado.

Heavy Baile e Mc Baby Perigosa _ "Grelinho de diamante"
Tocaria fácil em um festival de música experimental gringo.

Nego Gallo _ "Acima de nós só o justo"
Também publiquei uma crítica do disco. Baixo de dub e batida trap como trilha para se descrever a busca por ascensão pelo rap ou pelo crime ("Pivete driblou os cone / Os homi' vê só o vulto / Descendemos de reis e acima de nós, irmão, só o Justo"). O risco corrido pra se manter vivo e a crença de que se a sociedade é contra, é preciso crer que em algum lugar há um ser superior que zela por você e seus pares.

Djonga _ "Bené"
Todos os discos do Djonga são irregulares mas com grandes momentos, o que é compensado por sua prolificidade.

Larissa Luz _ "Aceita"
Sincretismo religioso e musical.

Young Lights _ "Down river"
Um encontro entre LCD Soundsystem e The Killers (na fase boa).

Marcelo Jeneci _ "Oxente"
Forrozinho que tinha sido gravado pela Elba Ramalho em seu último disco, mas que ganha peso corpo na versão do Jeneci, compositor da música.

Radio Exodus _ "Banana cigana"
Pantera Cor de Rosa de férias pelo Rio de Janeiro fumando um baseado.

Lamparina e a Primavera _ "Não me entrego pros caretas"
Longe da MPB do início da banda, a Lamparina e a Primavera ganhou vida e identidade ao explorar uma sonoridade mais pop e moderna, como demonstram os três singles lançados pela banda em 2019, nos quais misturam elementos de reggaeton, tecnobrega e funk.

Constantina _ "Atrópico"
A faixa-título do aguardado novo disco do Constantina é a que mais se aproxima dos trabalhos anteriores da banda. São 10 minutos de imersão junto de uma das melhores bandas instrumentais em atividade no mundo (e ainda subestimada).

Tantão e os Fita _ "Adoração de ídolos"
Adoraria ver um show ao ar livre, com o público cantando "Wiliiam Potter / William de Galles / Harry Potter / silk screen", enquanto o público transeunte pensaria "que porra é essa?".

Mc Doni _ "Passei de nave"
Da trilha de Sintonia, a (boa) série do Kondzilla. Funk família, de mensagem positiva, assim como a série, mas é representativo de 2019.

Taco de Golfe _ "Erro"
Um math rock frito pra equilibrar. Uma das descobertas do ano

Elza Soares e Baiana System _ "Libertação"
Elza e Baiana saturaram tanto que seus novos discos nem geraram tanto burburinho como seus anteriores. Daquelas músicas que te movimentam mesmo que a letra seja meio bosta e não diga muita coisa.

Luiza Lian e Bixiga 70 _ "Alumiô"
Choquei com o tanto que essa mistura inusitada funcionou.

Terno Rei _ "Medo"
Esse disco do Terno Rei representa um salto gigantesco para a banda, tanto em termos de qualidade de composição como de recepção do público. Indie pop melancólico, com bons timbres e ótimas melodias vocais.

máquinas _ "Corpo frágil"
Essa música é uma mistura de math rock, Metá Metá e um jazzinho safado. Claro que ficou bom.

Apeles _ "Pássaro nu"
Kavinsky fumando maconha e tocando com uma banda soaria assim.

Clara Lima _ "Talvez bem mais"
Selfie, disco que a Clara Lima lançou no fim de 2019, desliza nos momentos de rap acústico mas quando investe nas batidas mais pesadas se destaca, como na pesada "Esquinas" e na funkeira "Tudo muda", que também poderiam figurar por aqui.

Yung Buda _ "Califórnia (world tour)"
Velozes e Furiosos + R.E.M em português. Essa é a descrição.

Cadu Tenório _ "The samurai who smells of sunflowers"
Fogos de artifício em câmera lenta sobre a cidade em chamas.

Bernardo Bauer _ "Coragem"
"Eu tenho medo dos comentários na internet". Certa vez fui a uma performance de improviso de dança numa segunda-feira e vi um dos Mineiros da Lua dançar ao som dessa música, o que foi surpreendentemente bizarro e mágico.

Luíza Brina _ "Queremos saber"
Pra fechar com esperança (mesmo que temporária).


Ps: Não custa lembrar, o título desse post é um cata-corno Google.

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