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26 de setembro de 2013

Rock in Rio 2013 e o segundo palco

O Rock in Rio é um dos festivais que tem menos a ver com o Meio Desligado, mas este ano estive um pouco mais envolvido (por trabalhar na produção em um dia e cobrir outro) e acho válido o registro por aqui. Mega festival autointitulado "o maior do mundo", o Rock in Rio 2013 teve custo total de R$ 135 milhões, segundo os organizadores, sendo R$ 8,75 milhões captados via lei Rouanet (bancados por empresas como os Correios e Sky, que desembolsaram R$ 2,1 milhões e R$ 2 milhões, respectivamente, para ter suas marcas atreladas ao evento). Entre os outros patrocinadores, a Heineken investiu sozinha R$ 23 milhões no festival. :o

Mais para um grande evento de entretenimento do que um festival musical em si, o Rock in Rio dividiu suas atrações musicais entre os palcos Mundo e Sunset (além de pequenas apresentações em outros pontos temáticos da Cidade do Rock). É na questão do palco Sunset que acho válido pensar. A lógica pop do palco Mundo não vai mudar e é a principal característica do festival. No entanto, o Sunset tem espaço para se transformar em algo realmente interessante, caso seja planejado de maneira diferente. Pense na programação do palco Sunset e reflita sobre o potencial dos artistas que se apresentaram nele em atrair público para o festival. Com exceção do Offspring e Ben Harper, é provável que nenhum outro artista desse palco tenha influenciado na compra do público em geral (levando em consideração que sempre haverão os fanáticos por algum artista específico, como Living Colour e Rob Zombie, por exemplo, mas que são casos à parte).

Pensando nisso (que a programação do palco não influenciaria diretamente na venda de ingressos), qual o sentido de colocar artistas internacionais decadentes ou muito desconhecidos no palco, assim como artistas pop nacionais que acrescentam pouco ao festival além de servir como entretenimento para a troca de bandas no palco principal?

Como demonstrado pelo Lollapalooza e Planeta Terra, atrações mais "alternativas" tem, sim, grande público no Brasil. Uma opção relevante para a melhoria do Rock in Rio seria ter o Sunset como o palco que desse mais respaldo artístico ao festival em vez de sua atual função de figurante. Imagine-o como o palco conceitual do evento, com artistas internacionais relativamente baratos e que resultariam em maior empatia da mídia especializada e atrairia um novo perfil de público para a Cidade do Rock.

Atualmente, é extremamente difícil imaginar uma nova programação do Rock in Rio como a de 2001 se repetindo (para quem não se lembra, aquela edição teve shows de Neil Young, Foo Fighters, Beck, R.E.M, Queens of the Stone Age e Oasis, entre outros). Foo Fighters e QOTSA tocaram no Brasil recentemente no Lollapalooza e Beck é uma das atrações do Planeta Terra deste ano, ambos festivais que fazem a ponte entre o indie e o mainstream.

Nessa nova proposta, o Sunset poderia receber bandas como Toe, Drums, Portugal. The Man, The Budos Band, Grimes, Tame Impala e afins. Para isso, bastaria menos Nando Reis na programação e mais interesse em produzir um festival mais relevante culturalmente.


Ps: um agradecimento à Heineken que me convidou para o festival (no dia em que não estava trabalhando por lá).

Ps 2: o Slayer não tem quase nada a ver com o texto, mas não podia perder a oportunidade de colocar um vídeo deles aqui (clica lá que é o show inteiro da banda no Rock in Rio, "Seasons in the Abyss" rola aos 45 min e "Raining Blood" aos 55 min). Sem contar que a logo da Heineken transformada em "Hanneman", em homenagem ao ex-guitarrista da banda, que morreu esse ano, ficou massa, vai.

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