Entre os dias 22 e 24 de Novembro aconteceu, na sede do Itaú Cultural, em São Paulo, a 5ª edição do MediaOn - Seminário Internacional de Jornalismo Online. Entre debates sobre o consumo de mídia no Brasil, a relação do jornalismo com as redes sociais e a criação de conteúdo como forma de publicidade, um dos temas discutidos foi "A música além da mídia: Músicos, produtores e jornalistas debatem a revolução digital na indústria cultural e os efeitos na criação, produção e distribuição, além dos reflexos no diálogo com a mídia e público". Esse debate aconteceu no dia 23 e contou com a participação de Sérgio Martins (crítico de música da revista Veja), Marcos Maynard (executivo e produtor, responsável pela carreira do ilustre Restart), Cláudio Prado (produtor cultural e ex-coordenador de Cultura Digital da Secretaria de Programas e Projetos do Ministério da Cultura) e Tatá Aeroplano (músico e agitador cultural, membro do Cérebro Eletrônico, Jumbo Eletro e outros), mediados por Andre Jung (músico e produtor).
Como era de se imaginar, o jornalista da Veja e Cláudio Prado parecem ter tido as opiniões mais divergentes. “As críticas cada vez mais não são levadas em consideração. Antes, saía um disco da Marisa Monte e as pessoas iam comprar jornal no dia seguinte pra ver o que estava escrito, hoje não é mais assim”, disse Martins, para o qual os blogs pioraram a crítica musical. Prado teria refutado, dizendo que “Todo mundo sabe o que está falando” e defendendo o potencial da internet.
Sou obrigado a escrever "teria", "parecem" e outras indicações de minha incerteza porque não consegui assistir ao debate completo. A gravação em vídeo está no site do MediaOn, mas a forma através da qual o conteúdo é apresentado é ridícula: você tem que assistir ao debate por partes, cada uma com cerca de 10 minutos, e não é possível adiantar para a próxima parte. Ou seja: abrem mão da não-linearidade possibilitada pela internet, justamente em um evento realizado pelo portal de internet Terra. Tsc tsc.
Pelo pedaço da discussão que acompanhei, parece ser uma boa introdução para quem não é muito envolvido com o mercado musical (ou não o acompanha há muito tempo). Para quem consome/trabalha com música nos últimos 10 anos, não há muitas novidades: lá está o produtor (Maynard) de uma banda pop (Restart) que continua usando as técnicas do mainstream para criar hits; o crítico saudosista (Martins); e os entusiastas da internet na produção e circulação da produção musical (Prado e Aeroplano). Talvez valha a pena ver para perceber como algumas coisas custam a mudar. Ou não.