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26 de fevereiro de 2011

Tecnologia transformadora x Transformando a tecnologia

Pense: a tecnologia está presente em sua vida mais como instrumento de transformação social ou como item de consumo fetichizado?

"Nas últimas décadas, todos têm se animado com a “alta tecnologia/tecnologia de ponta”. Não é para menos. A tecnologia está se desenvolvendo muito rápido. Aparelhos de televisão, por exemplo, agora são muito mais leves, bonitos e eficientes em termos de espaço. Não obstante, as telas dos televisores ainda não fazem realmente diferença para os usos corriqueiros que atribuimos a elas (ou pelo menos, não em todo o mundo). Ao mesmo tempo, temos testemunhado uma suposta evolução das câmeras de vídeo, desde a primeira câmera Betamax, portátil e disponível em larga escala, até às atuais câmeras HD compactas baseada em memória flash. Todavia, os usos que nós conseguimos dar a essas máquinas, na realidade, não têm mudado muito. Eu gostaria de saber a porcentagem de famílias que conseguem manter e visitar suas memórias gravadas em vídeo à medida que o tempo passa e os formatos de armazenamento mudam tão rapidamente. Como um exemplo mais recente: alguns serviços de web, nos quais construímos nossa vida digital, não estão sempre em um certo perigo de desaparecer em algum ponto no futuro?

Na minha opinião, nós não precisamos continuar a inventar, produzir ou consumir os mais recentes aparelhos de alta tecnologia, que supervisionam a importância do patrimônio tecnológico. Por enquanto, a tecnologia disponível parece, a meu ver, sofisticada o suficiente para cessarmos a busca por novas descobertas e começar a explorar profundamente os usos de tecnologias já existentes e amplamente compreendidas, mas em contextos que não eram objetivo do desenvolvimento acelerado dos dispositivos de tecnologia de ponta. Nós já estamos saturados de “alta tecnologia”. Agora é tempo para que artistas, criadores e pensadores parem por um segundo e olhem para trás para as possibilidades maiores, inexploradas, da baixa tecnologia.

Nos contextos sul-americanos, especialmente, é certamente mais impactante repensar possíveis usos para “baixa tecnologia” disponível (tecnologias mais antigas e mais bem conhecidas) nos contextos locais, de acordo com as necessidades locais, ao invés de seguir o mais novo dispositivo “descontextualizado”. Este Interactivos?, no Brasil, será uma boa oportunidade para começar uma avaliação do que é realmente tecnologia de ponta (ou “realmente impactante”) a partir de tecnologias básicas repensadas através de “ outros” contextos, mais diversos, reais, sociais e culturais, e não tão influenciados por interesses comerciais das indústrias de tecnologia."

Leia: 
Marcos Bastos (de novo)

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