Quando comecei a aprender sobre informática na escola (que tinha o singelo nome de Recanto Criança Feliz) um dos exemplos mais usados (e caretas) das "maravilhas dos computadores" era a possibilidade de se conhecer museus estrangeiros através de CD-rom (estávamos nos anos 90, né?). Agora, cerca de 15 anos depois, vejo uma iniciativa que realmente tem potencial para que isso ocorra de forma gratuita, acessível e com boa qualidade técnica: o Art Project do Google, que repete a experiência do Street View, só que
desta vez dentro de alguns dos mais famosos museus do mundo.
Detalhe de pintura de Juan Gris acessível via Art Project |
O ponto em que isso se relaciona
com o Meio Desligado, além de seu caráter experimental e tecnológico
direcionado ao meio artístico para alcançar mais pessoas e gerar diferentes formas de fruição dos mais diversos trabalhos artísticos, é o que isso pode nos dizer sobre o futuro do modo com que nos relacionamos com a arte.
Há tecnologia disponível para experiências incríveis em outras áreas artísticas e é inevitável que o próprio Google crie projetos nas áreas da música e do cinema (indo além do YouTube). O que tem impedido parte desse avanço são as complicadas questões envolvendo direitos autorais e as gigantes corporações surgidas na indústria do cinema e da música, que lutam para manter seus altos lucros baseados na escassez de material físico, de átomos, em uma era de conteúdo digital, cada vez mais aberta aos bits (reproduzíveis infinitamente sem perda de qualidade e gratuitamente, ou seja, o pesadelo da indústria tradicional).
O que me instiga é imaginar até quando isso irá durar, quais serão as próximas ações reacionárias e quais os próximos princípios de revoluções iniciados e que poderão alterar nosso cotidiano. Em um exercício futurológico, imagino transmissões em 3D e em alta definição de shows, não apenas de grandes espetáculos, mas sim de qualquer apresentação alternativa em pequenos clubes (uma vez que a tecnologia e a transmissão de dados será mais acessível e barata) para que as pessoas possam se reunir e viver a experiência em casa, projetadas em suas salas. Talvez uma simples simulação permeada de aparatos tecnológicos, talvez o surgimento de novos rituais. A única certeza parece ser a de que o futuro já não pertence mais aos mesmos deuses de outrora.