O Leo, meu irmão, fez esse texto pro blog do Fórceps, que reproduzo abaixo.
Manhã ensolarada de sábado em Belo
Horizonte. Na Praça da Estação, no centro da cidade, um pequeno grupo
protesta contra a Prefeitura reunido sob a sombra da única árvore do
local. “Protesto?”, se surpreendem alguns transeuntes com a calmaria da
manifestação. Sob o olhar atento e curioso da Polícia e da Guarda
Municipal, que ficam de longe, aos poucos mais gente vai chegando,
carregando suas cadeiras e sombrinhas de praia. Estendem suas toalhas
no chão da praça, tiram os shorts, as camisas e se cobrem de protetor
solar. Um grupo começa a jogar peteca, outro, frescobol. Alguém passa
avisando que as fontes da praça serão ligadas às 11 horas. Ninguém sabe
o que vai acontecer. A manifestação não tem líder. Nasceu na internet,
fruto da indignação da população com a recente lei municipal que proíbe
qualquer tipo de evento na praça e que, como um tiro no pé, acabou
juntando os realizadores e frequentadores dos eventos na praça em torno
de uma causa. As pessoas conversam, sugestões surgem e a “Praia da
Estação” vai ganhando forma espontaneamente a cada minuto. A imprensa (Hoje em Dia, R7,
Jornal Estado de Minas) fica sabendo e comparece. Instrumentos de
percussão começam a surgir e por volta da hora do almoço a calmaria se
perde em meio ao batuque e gritos de guerra como "Hey polícia, a praia
é uma delícia" ou "Lacerda (prefeito da cidade), sua vida é uma merda".
Sobre o decreto
O
mais interessante é que quando a praça foi reformada no começo da
década a prefeitura, que hoje afirma que a proibição foi adotada para
preservar a praça, gastou uma fortuna reformando o local alegando que a
obra iria promover "a revitalização do espaço público, dotando-o de
infra-estrutura adequada para manifestações culturais com grande
aglomeração de pessoas" (DOM de 2001).