Com 11 bandas e público de cerca de 4 mil pessoas, o início do festival desse ano deixa claro o status alcançado e sua importância na difusão do rock independente brasileiro.
Divididos em dois palcos montados na Acrópole (um ótimo espaço para eventos de médio porte, com espaço para 5 mil pessoas), os shows da primeira noite foram focados em diferentes vertentes mais pesadas do rock (como heavy metal e screamo) e demoraram para engrenar, salvo uma pequena exceção chamada Linha Dura.
O rapper cuiabano Linha Dura é diretamente ligado ao Espaço Cubo e movimentos sociais e vem aos poucos chamando atenção na cena alternativa. Na primeira noite de Jambolada era, fora os headliners, uma das atrações mais comentadas entre o público. Contando com um segundo MC e praticamente tendo o Macaco Bong como banda de apoio (Kayapy na guitarra e Ynaiã na bateria), além do baixista virtuose Ebinho Cardoso, Linha Dura fez uma apresentação potente e diferenciada em meio às primeiras atrações da noite. Embora suas gravações apresentem uma sonoridade próxima ao trabalho do falecido Sabotage, porém com o uso de samples de ritmos regionais, ao vivo suas músicas ganham peso e intensidade, resultando em canções com maior identidade.
Outro show de destaque na noite foi o da banda paranaense Sick Sick Sinners. O trio é fiel às características básicas da psychobilly (tanto estéticas quanto sonoras) e, mesmo desconhecido por grande parte dos presentes, fez um dos mais animados e elogiados shows.
Mudando de estilo e palco, o Jambolada também teve espaço para um baile da terceira idade à cargo de Wander Wildner e sua banda. Se focasse o olhar estritamente no palco, qualquer pessoa da platéia poderia se sentir em um baile do tipo, promovido pelo seu tio lesado/"doidão". Wildner tem presença garantida na maioria dos festivais e talvez seja justamente esse excesso de exposição que torne seu som tão cansativo.
Com alguns problemas no som do palco, o Macaco Bong veio em seguida para se apresentar pela segunda vez no Jambolada e fazer seu costumeiro show esporrento e elaborado. Fizeram um set levemente diferente do apresentado no Eletronika alguns dias atrás, incluindo "Vamos dar mais uma", faixa que fecha o álbum de estréia da banda, na apresentação, que fechou com a ótima "Shift", enquanto um enorme número de pessoas já se aglomerava em frente ao outro palco para conferir o Cordel do Fogo Encantado.
Assistir a um show do Cordel é quase uma experiência religiosa. A resposta do público é incrível e a perfomance do "vocalista" Lirinha junto ao instrumental marcado pelas percurssões formam algo bastante próximo de um ritual provocador de catarses coletivas. O público reunido e interagindo com as canções do Cordel resultou em algumas das cenas mais bonitas da noite, mas, mesmo assim, eu preferi dormir.Foto 1: Gustavo Moreia
Foto 2: Thiago Carvalho
Foto 2: Thiago Carvalho
Foto 3: Divulgação