Título alternativo: Edgard Scandurra aka Benzina no Velvet Club
Imagine: menos de 20 pessoas na Obra, ouvindo rock/pop nacional; Mary In Hell com uma festa chamada Mary Poppins (argh), auto-descrita como uma festa "com músicas do pop ao top para todos os gostos" (argh!²); Up! tocando farofada oitentista repetida; e você entre tudo isso, na Savassi, rodeado por emos adolescentes parecendo parte do elenco de BeetleJuice.
Após uma semana cansativa e cheia de compromissos, eu e a gangue do Fórceps (Leo, Natan, João e Fofão) não queríamos de forma alguma ficar parados e, como ressaltado 23 vezes pelo Natan: "Preciso ouvir música alta!".
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Munido de duas groovebox Roland (uma MC 909 e uma MC 505), um mixer e uma guitarra, Scandurra fez um show incrível. Mesmo nas músicas em que não toca guitarra e que "apenas" manipula suas groovebox, o som é pesado tanto nas batidas como nos sintetizadores, muito provavelmente fruto de sua influência roqueira.
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São poucas as músicas em que o virtuosimo de Scandurra na guitarra é o foco principal, ao menos nesta apresentação em questão, e isso é ainda mais incrível, até porque foge do que boa parte do público esperaria dele. A maior parte da apresentação foi instrumental, com no máximo quatro ou cinco músicas com vocal, sendo que em algumas delas este era justamente o ponto fraco, meio desafinado e baixo.
Talvez eu tenha bebido demais e perdido a noção do tempo, mas a impressão que tenho é a de que o show durou cerca de duas horas, sendo que da metade em diante o público diminuiu bastante (para a alegria do doidão de dois metros que pulava ensandecido pela pista e se divertia colocando as mãos no teto). A queda de público não significa que o show tenha piorado ou se tornado repetitivo, mas apenas prova algo que acontece em boates/clubes de quase todos os lugares: a música, ali, é apenas um acessório. A maioria do público desses locais sai para a "balada", para dançar um pouco, encontrar as pessoas e flertar. Nada contra, são opções. Mas isso significa que a música é deixada de lado e, por isso, a cidade fica infestada de macacos apertadores de play que se auto-denominam DJs ao invés de pessoas que realizam trabalhos realmente interessantes e criativos.
Se por um lado isso aumenta a aura cult do show, por outro chega a ser vergonhoso perceber que um algo excelente foi realizado ali e que umas 20 pessoas ficaram até o final.
Sobre o Velvet Club, o espaço é muito bom, bonito e com um sistema de ventilação que funciona de verdade! Mais ou menos do tamanho da Obra, os únicos problemas aparentes são as cervejas mais caras (Heineken por R$ 4,20 enquanto na Obra e MIH custa R$ 3,50) e a ausência de mais baldes para as garrafas vazias, o que resulta em várias long necks espalhadas pelo chão da pista.
A impressão geral é a de que o Velvet não irá durar muito, já que seu público-alvo é muito próximo do da Mary In Hell e Up!, já estabelecidos e localizados a poucos quarteirões de distância. Mas, pra mim, contanto que haja um diferencial um pouco melhor definido, o clube pode encontrar seu nicho e se manter. É sempre bom ter opções para noites como a dessa sexta-feira.
Ps.: como não pretendia sair ontem de noite e resolvi na última hora, estava sem câmera. Portanto, sem fotos, xuxu. As imagens que ilustram o texto são de outras noites do Velvet, de divulgação.