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17 de maio de 2007

Vamoz!


Marcelo Gomão (vocal e guitarra), Henrique Muller (guitarra e vocais) e Pedro Henrique (bateria) são o Vamoz!, grupo pernambucano formado no fim de 2002. Inspirados no rock n´roll clássico e melódico dos anos 60 e das dissonâncias do rock alternativo da última década, a banda vem colecionando elogios desde 2003, quando lançaram o álbum To The Gig On The Road, pelo selo Monstro Discos.

Nas muitas tentativas de se definir o som da banda, nomes como Teenage Fanclub e Wilco são presenças constante. Porém, no novo álbum, Damned Rock N´Roll, ao invés de nos lembrarmos de um bando de escoceses tocando indie pop com influências de Neil Young (caso do Teenage Fanclub), é mais fácil vir à mente Rolling Stones, Husker Dü e Dinossaur Jr (além do próprio Neil Young, influência declarada do trio). Os diversos shows e o tempo de estrada foram benéficos para o Vamoz!, que aparece mais pesado e conciso, sem abrir mão das belas melodias.

Nos últimos anos a qualidade da banda vem sendo reconhecida, tanto que seu nome está sempre presente em listas realizadas por diferentes veículos relacionados à música no Brasil, como a revista Dynamite, os sites Recife Rock! e Zona Punk e o Prêmio Toddy de Música Independente, no qual concorre este ano na categoria de melhor álbum de rock.


Escute "Target of Rock", do novo álbum



Em entrevista por email, o vocalista e guitarrista Marcelo Gomão (ex-supersoniques) falou sobre a banda e o novo álbum, além das dificuldades de se ter uma banda fora do eixo do Sudeste.

O novo álbum, Damned Rock N'Roll, é um lançamento que envolve as gravadoras Monstro Discos, Coquetel Molotov e Fire Baby Records. De que maneira se deu essa parceria e como ela funciona?

O projeto Damned Rock n' Roll engloba internet, CD e DVD. O custo para se fazer isso bem feito é muito caro, inviável para nossa realidade. Então fizemos um sistema de "cotas". Desta forma, quanto cada um investisse, receberia de volta nas vendagens do disco, "inclusive a banda". Isso permitiria que várias empresas e pessoas participassem. Por isso os três selos e parceiros importantíssimos envolvidos na realização do trabalho, dentre eles o Fabrica Estudios, Jazzz, Mariola Filmes e alguns bons amigos. Toda história desse pessoal e seus respectivos contatos estão no site www.vamoz.net.

O som do Vamoz! parece bem mais pesado agora. O que levou vocês a intensificarem o peso nas canções?

Na verdade, acho que estamos tocando melhor e incorporando mais elementos de blues à nossa música. É difícil até para nós explicarmos a razão do som ter ficado mais denso, porque quando estamos compondo e gravando, não existe aquela total propriedade sobre as músicas, sobre a composição. As coisas simplesmente vão acontecendo e esse disco saiu assim. O próximo pode ser ainda mais pesado ou bem mais suave, não se pode prever. O fato das coisas acontecerem assim torna o processo ainda mais interessante a meu ver.

Vocês não usam baixo na banda, certo? É assim desde o início? Qual o motivo?

No começo tínhamos um excelente baixista, o Carlos, que hoje toca guitarra no Profiterolis. Quando ele saiu, nós passamos um bom tempo procurando um baixista, mas não encontramos ninguém com o qual realmente nos sentíssemos confortáveis em tocar. Estávamos numa fase de compor muitas músicas e não queríamos parar de ensaiar. Então começamos a fazer os ensaios sem baixo (no início foram horríveis) e com isso fomos criando formas de suprir a ausência do instrumento. Tanto tecnicamente quanto em termos de composição, fomos moldando nosso som às necessidades. Foram vários modelos até chegarmos onde estamos, e estamos bem satisfeitos. Além disso, a praticidade de se tocar em trio para viagens, dentre outras coisas, e a intensidade que três elementos têm com a música foi nos conquistando e hoje não queremos mudar nosso formato.
Para experimentar novas nuances musicais criamos o “Vamoz! Na Montanha”, que é um projeto onde amigos tocam conosco, às vezes baixo, às vezes guitarra, gaita, violão... em cada show fazemos de uma forma.

A impressão que boa parte das pessoas do Sul e Sudeste do país têm em relação à cena musical de Recife é a de que ela é marcada por muitos grupos que misturam gêneros diversos aos ritmos regionais. Esta é a realidade? O estigma do mangue beat pode atrapalhar uma banda de rock direto como a Vamoz!?

Achamos bem divertido surpreender quem tem essa expectativa de que Recife ainda é uma cidade em que predominam misturas de ritmos. Isso existe bastante, temos bandas que fazem isso com maestria. Porém estamos tranqüilos da maneira com que levamos nosso som e nunca aconteceu nenhum tipo de rejeição por parte de um novo público por não tocarmos com tambores, etc. Hoje em Recife a grande maioria das novas bandas (de 05 anos pra cá) não tem primado pela mistura de ritmos.

Nos últimos anos houve um movimento crescente de bandas que trocaram o inglês pelo português em suas letras. Vocês já pensaram na possibilidade de cantar em português?

Não, estamos felizes em tocar nossas músicas desta maneira.

Vocês ainda moram em Pernambuco? Pergunto isto porque muitos grupos sentem a necessidade da mudança para São Paulo ao atingirem um determinado ponto na carreira, no qual a distância do centro econômico do país pode atrapalhar o desenvolvimento.

Logisticamente falando, é mais difícil circular pelo nordeste para fazer shows em lugares diferentes, pois a distancia entre os espaços são maiores e a própria região também é enorme.
Mas não acreditamos que para o som que gostamos de fazer, mudar para o sudeste seria uma solução de viabilizar a banda, financeiramente falando. Acredito que essa possibilidade é um pouco mais fácil no exterior, mas isso não está nos nossos planos imediatos. Queremos tocar e lançar discos até onde conseguirmos e mostrar para o maior número de pessoas. No caso de ganharmos na loteria, podemos pensar em mudar de Hellcife :)

Nestes quase cinco anos de existência, quais foram as maiores dificuldades enfrentadas pela banda?

Os mesmos do mundo, tempo x $$$.

Quais bandas você indica às pessoas interessadas na música alternativa nacional?

Astronautas, MQN, Proto, Forgotten Boys, Mellotrons, Superoutro, Parafusa, Nação Zumbi, Mundo Livre, Relespública... Certamente vou esquecer de várias, minha memória é podre. Mas no nosso paés temos bandas muito boas e de estilos bem diferentes umas das outras, é só procurar com os selos e distribuidoras brasileiras que se encontra muita coisa boa.

E esta é uma pergunta meio boba, mas não agüentei a curiosidade: qual a origem do nome Vamoz!?

Durante as gravações do primeiro disco ainda não tínhamos um nome. Então um dia eu cheguei em casa e coloquei no chão vários dos meus discos preferidos e entre eles estava o do Pixies Surfer Rosa, que tem a faixa "Vamos". Achamos perfeito porque não identifica exatamente qual o som da banda, é fácil de ler, de decorar, e remete a uma brincadeira que adoramos fazer: "VAMOZ! UM CONVITE AO ROCK!!!!".

Escute "Heart of Gold", do primeiro álbum




fotos de shows: Tárcio Fonseca

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