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5 de março de 2015

Japão Meio Desligado

Faith No More, Swans, Antemasque, St Vincent, Chet Faker, Tycho, James Murphy, Ok Go, alt-j, além das locais Toe e Guitar Wolf, foram algumas das bandas que tocaram em Tóquio em um intervalo de mais ou menos 30 dias, agora no início do ano (sem contar o show de Björk em Nagoya, não muito longe). Isso, na baixa temporada. O grande e constante fluxo de artistas de renome se apresentando no Japão reflete alguns aspectos da cultura local que me chamaram a atenção na minha primeira vez ao país: o Japão (e os japoneses) não para(m). É difícil saber em que dia da semana se está. As ruas estão sempre cheias, as escolas têm aulas as sábados, as lojas fecham aos domingos no mesmo horário que nos outros dias da semana, shows acontecem às segundas-feiras. As pessoas estão sempre ocupadas: no metrô, apesar de não conversarem ao telefone (é proibido), estão sempre com seus celulares à mão, enviando mensagens, assistindo a vídeos ou jogando; nos cafés, estão novamente com os celulares ou computadores à postos. Estão sempre em rede, mas, aparentemente, falta aquela outra rede, a de se deitar, descansar e relaxar.

Essa voracidade (aliada à educação da população), no entanto, é parte da construção da experiência única que é o país. O japonês parece dar sempre o melhor de si em qualquer que seja a função a ser executada, seja te ajudar a encontrar um lugar, dirigir um ônibus ou montar uma casa de shows (para manter o foco deste blog, né?).



Como o espaço é escasso e a população é grande, a verticalização é parte essencial na cultura japonesa. As casas de show que conheci lá estão entre as mais incríveis que já vi e estão no alto de prédios. Não bastasse a qualidade de som e de luz ser excelente, assistir a um show do 10º andar reforça a experiência. E o mais louco é que não há seguranças nas portas dos prédios: você entra, pega o elevador e desce em qualquer andar que quiser. Mesmo dentro das casas de show, não me lembro de ter visto um segurança sequer. E os shows começam cedo, às 19h ou antes.

Outro ponto interessante é que artistas de destaque, como St. Vincent e alt-j, tocam em espaços pequenos, para até 600 pessoas (para comparar, em Belo Horizonte St Vincent tocará em um ginásio com capacidade para 6 mil pessoas). Só que os ingressos são caros (em torno de U$ 70) e, mesmo em um país pequeno como o Japão, artistas desse tipo costumam fazer três ou mais shows por lá. Outro diferencial é que a venda de CDs continua um negócio atrativo. A Tower Records mantém, até hoje, um prédio de oito andares, cada um deles dedicado a um gênero musical (com exceção dos dois primeiros, onde também há uma livraria e um café). Vale destacar que o preço médio de um CD gira em torno de U$ 20, nada barato.



Ao contrário dos CDs, instrumentos musicais podem ser encontrados a ótimos preços no Japão. Além da facilidade de se ter uma fábrica local da Fender, existem muitas de lojas de instrumentos usados em Tóquio cheias de raridades. E no caso dos eletrônicos, grandes lojas como a Yodobashi possuem grande variedade de produtos a bons preços (além do tax free para estrangeiros, lojas como a Yodobashi também dão desconto de 5% para pagamentos usando cartões Visa).

Foram as primeiras férias de verdade que tirei e tenho a certeza de que dificilmente poderia ter escolhido um lugar melhor.

Ps: ter uma rede de fast food que só toca Beatles (a Mos Burger) já entrega que o país é sensacional, não?

Quem quiser ver algumas fotos que fiz durante as semanas que fiquei no Japão é só me seguir no instagram.com/meiodesligado.

Os vídeos que acompanham o texto são de duas bandas japonesas atuais: Lite e Sukippara Ni Sake (do impagável refrão "imagination geneLation" - muitos japoneses trocam o R pelo L na hora de falar inglês).

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