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17 de março de 2015

Dead Kennedys: Fresh Fruit for Rotting Vegetables [os primeiros anos]



Um dos mais famosos e influentes grupos punk da história, o Dead Kennedys também ficou marcado por sua postura politizada e musicalidade mais elaborada do que outras bandas do estilo. O cenário que deu origem ao clássico primeiro disco da banda (e seus bastidores) são descritos no livro Dead Kennedys: Fresh Fruit for Rotting Vegetables [os primeiros anos], de Alex Ogg, publicado em 2014 e lançado no Brasil no mesmo ano pela Edições Ideal (em duas versões, com capa dura - vermelha - e simples - com uma reprodução da capa do álbum). Uma publicação que levou quase 10 anos para ser finalizada devido às brigas entre os ex-integrantes, polarizadas entre o vocalista Jello Biafra e o guitarrista East Bay Ray, que disputam a autoria da maioria das músicas (Ogg acredita na versão de Biafra, mas abre espaço para todos os integrantes apresentarem suas versões da história).

Um dos pontos centrais no surgimento do DK é que o punk britânico era mainstream demais, com o Sex Pistols, The Clash e outros grupos fazendo parte do cast de grandes gravadoras, recebendo ampla cobertura da mídia e ditando tendências estéticas. Em São Francisco, onde o DK surgiu, a cena ainda era incipiente, porém mais crua. Um fator essencial para a sonoridade diferenciada do DK foi o fato de seus integrantes virem de diferentes backgrounds, com influências de jazz, soul music e garage rock, entre outros. As guitarras da banda são marcadas por delays e reverbs, mais próximas de surf music do que Sex Pistols; a bateria foge do ritmo direto do punk, assim como as linhas de baixo (vide as clássicas introduções de "Holiday in Cambodia" e "California Übber Alles").



O sarcasmo e a ironia, marcas registradas da banda, permanecem atuais até os dias de hoje e chegaram a gerar vários problemas devido a "problemas de interpretação" por parte do público. Para citar poucos casos, vale lembrar que algumas pessoas acreditavam que "California Übber Alles" fosse uma ode ao neo-nazismo e outras interpretavam literalmente as letras de músicas como "Kill the poor" e "I kill children", resultando em respostas diretas como a faixa "Nazi punks fuck off" - para deixar clara a postura da banda.

A política estava tão ligada à essência da banda que Biafra chegou a se candidatar à prefeitura de São Francisco em 1979, anos 21 anos. Ficou em 4º lugar entre os 10 candidatos, com propostas como obrigar os executivos a se vestirem de palhaços no centro da cidade e contratar ex-funcionários da prefeitura para pedir esmola para os cofres públicos. Acabou servindo como uma ótima estratégia de marketing e ajudou a chamar atenção para a banda, que já se destacava, entre outros motivos, pelos shows enérgicos e pela performance teatral do vocalista.

Além de compreender o caminho percorrido pela banda desde seu surgimento até as gravações dos primeiros singles e o lançamento de Fresh Fruit, o livro é interessante por apresentar um panorama da cena punk/hardcore que viria a se desenvolver na costa oeste americana. Conta-se, por exemplo, que Ian MacKaye - Minor Threat/Fugazi - foi a um show do DK em São Francisco e achou interessante o fato de que nos shows da banda pessoas de todas as idades podiam entrar, prática pouco recorrente na época. Os menores de idade eram identificados com um X pintado na mão com tinta permanente. Símbolo que, mais tarde, seria utilizado na cultura straight edge (a história é confirmada pelo próprio MacKaye).

A arte gráfica da publicação é outro ponto alto. São dezenas de páginas com cartazes e outras artes criadas por Winston Smith, criador da logo do Dead Kennedys e da maioria das capas da banda. Suas colagens influenciariam pra sempre a estética punk, assim como a música do Dead Kennedys.



So you been to school
For a year or two
And you know you've seen it all
In daddy's car
Thinkin' you'll go far
Back east your type don't crawl

Play ethnicky jazz
To parade your snazz
On your five grand stereo
Braggin' that you know
How the niggers feel cold
And the slums got so much soul

It's time to taste what you most fear
Right guard will not help you here
Brace yourself, my dear

It's a holiday in Cambodia
It's tough, kid, but its life
It's a holiday in Cambodia
Don't forget to pack a wife

You're a star-belly sneech
You suck like a leach
You want everyone to act like you
Kiss ass while you bitch
So you can get rich
But your boss gets richer off you

Well you'll work harder
With a gun in your back
For a bowl of rice a day
Slave for soldiers
'Till you starve
Then your head is skewered on a stake

Now you can go where people are one
Now you can go where they get things done
What you need, my son.

Is a holiday in Cambodia
Where people dress in black
A holiday in Cambodia
Where you'll kiss ass or crack

Pol pot, pol pot, pol pot, pol pot

And it's a holiday in Cambodia
Where you'll do what you're told
A holiday in Cambodia
Where the slums got so much soul

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