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26 de julho de 2011

O fim do Pop Up!

Imerso no festival Escambo durante a semana passada acabei demorando a saber sobre o fim de um dos meus blogs musicais favoritos: o Pop Up!, do recifense Bruno Nogueira. Há meses o Pop Up! havia diminuído seu ritmo de atualizações e os rumos acadêmicos da carreira do Bruno (atualmente no doutorado) indicavam transformações, mas não imaginava ver o fim do blog. 

Na mensagem sobre o encerramento do blog algo que não entendi bem foi a menção ao Fora do Eixo: "O fato é que este blog se viciou em falar em algo que não me interessa mais como jornalista: a atual cena independente brasileira no contexto construído atualmente a partir dos avanços do Fora do Eixo. Não vou fazer um juízo de valor aqui. Se é bom ou ruim, o importante é que é algo que não me interessa (mais uma vez, enquanto jornalista)". De qualquer forma, é algo que poderei colocar em pauta no debate que mediarei em setembro na Universidade Federal de Minas Gerais com a presença do Bruno (mais detalhes em breve).

Para relembrar, fica aqui um trecho da primeira entrevista publicada no Meio Desligado, feita com o Bruno Nogueira em dezembro de 2006. 


Fala-se muito nas possibilidades geradas pela internet para que os artistas independentes divulguem seus trabalhos e na "morte das gravadoras". Porém, ao se analisar a programação das rádios, é possível perceber que a maioria dos artistas veiculados são contratados de grandes gravadoras. Na sua opinião, é correto afirmar que no Brasil as gravadoras ainda controlam a música pop? 
A música - e o mercado de música - no Brasil é tradicionalmente atrasado. Para ter uma idéia, a produção efetiva de música só chegou aqui no século XVII, com a vinda da família real. Quando o Brasil começou a desenvolver suas próprias características, a ditadura militar fez um grande bloqueio no acesso a informação. O que a gente vive é um reflexo disso. É correto afirmar que as gravadoras controlam a música pop sim, porque é um formato antigo e o Brasil não se adaptou ainda. 
Os últimos anos na Europa foram marcados pelo movimento das bandas que primeiro se tornam famosas na internet, de forma independente, para então assinarem com uma grande gravadora. No Brasil, o movimento contrário ocorre já há alguns anos, com artistas consagrados abandonando as majors. Qual seria o fator (ou fatores) determinante(s) para essas realidades díspares? 
Lá fora, os artistas se lançam independentes, mas assinam com uma major sim. Lilly Alen foi assim, Franz Ferdinand Interpol também foram assim.O que não existe ainda, no Brasil, é esse olhar para a Internet. Exceto recentemente, quando o Moptop foi contratado pela Universal. Tirando esse novo caso, historicamente nenhum artista se deu realmente bem por ter se lançado online. O Cansei de Ser Sexy entrou na Trama, mas a Trama ainda é uma gravadora muito pequena.

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