Pesquisar nos arquivos

29 de abril de 2011

5 anos Fora do Eixo

Quando estive em Cuiabá no fim de 2010, senti que se tratava de um momento especial. Aquela não era apenas mais uma edição do festival Calango: era a última grande ação do coletivo Espaço Cubo antes do Fora do Eixo estabelecer-se definitivamente em São Paulo - uma aparente contradição que se desdobra em uma estratégia crucial para o fortalecimento da cadeia musical independente dentro e fora dos grandes pólos.

Entre grandes conquistas, polêmicas, críticas e elogios, o Fora do Eixo transformou de forma inédita não apenas o setor cultural brasileiro mas também estabeleceu novos parâmetros em suas relações sociais, econômicas e políticas. Após complicadas caminhadas estruturantes e de disseminação do "movimento Fora do Eixo", critérios estéticos até então tímidos na maior parte do tempo tornaram-se mais evidentes, fruto do trabalho realizado ao longo dos últimos anos, da troca de conhecimento, das conexões, da aproximação entre pessoas dos mais distintos locais e classes sociais.

Da garagem da minha casa ao Auditório Ibirapuera, cada espaço tornou-se um potencial palco para execução de ações transformadoras através da atuação do Fora do Eixo nesses últimos anos. Observar o número cada vez maior de pessoas que dedicam suas vidas a esse movimento é fascinante e reflete seu potencial, sua capacidade de angariar mentes ávidas pela construção coletiva de conhecimento e de se expressar das mais diversas formas. É difícil pensar em algo que não seja "felicidade" ao refletir sobre tudo isso e os anos como membro de um coletivo (e ao mesmo tempo fazer parte da imprensa, de certa forma). 

A fagulha destes pensamentos foi a festa de comemoração dos 5 anos do Fora do Eixo, realizado na própria Casa Fora do Eixo com artistas que refletem as diferentes estéticas e histórias que constroem a nova cena independente. Uma cena plural que une o tecnobrega do Pará ao indie/hipster feito por mauricinhos; que adiciona o rap ao pós-rock; que entende que é possível se expressar e comover com dissonâncias assim como através de relatos intimistas. 

Se tudo der certo, estarei lá para acompanhar mais essa ação. No entanto, mais do que um evento, o que importa é o que isso significa. O que isso significa para você. Para nós.


Para o caso de alguém não conseguir ver a imagem acima, esta é a programação da festa:

Shows
Gaby Amarantos, Emicida, Black Drawing Chalks, Macaco Bong, Jair Naves, Holger, Leela, Cérebro Eletrônico, Fóssil, Miranda Kassin & André Frateschi, Madame Saatan e Kamau.

DJ: 
Alê Youssef, Dago Donato, Pitty, Fabrício Nobre e Thalma de Freitas.

Ps.: a entrada é restrita a convidados, uma vez que a Casa Fora do Eixo é literalmente uma casa, um domicílio (mais de 10 pessoas moram lá, oras!).

Arquivos do blog