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2 de fevereiro de 2010

Bandas mineiras no exterior

(matéria originalmente publicada no blog do Governo de Minas Gerais)

Independentes ou apoiadas por pequenos selos, bandas mineiras provam que é possível tocar em outros países

Engana-se quem pensa que mineiro fica quieto em suas terras, rodeado o tempo todo pelas montanhas. Os músicos mineiros estão aqui, aí e acolá para provar que quem é de Minas saber dar um jeito de viajar e ainda se mostrar. E não falamos só de artistas consagrados que recebem convites para shows no exterior o ano inteiro. Diversas bandas  mineiras já empacotaram os instrumentos e partiram pra outros continentes.

O quarteto belo-horizontino de heavy metal Eminence é um exemplo de banda que muitos ainda podem não conhecer no Brasil, mas que já conseguiu tocar até no Japão. O grupo de ska Pequena Morte foi parar num lugar ainda mais inusitado: Letônia. Em cinco dias, a banda fez quatro shows em Riga, capital do país.


Em 2002, a Valv participou do famoso South By Southwest (SXSW) em Austin, no Texas. O festival – de música e cinema – é realizado há mais de 20 anos nos Estados Unidos e há alguns anos recebe shows de artistas brasileiros.  A mineira Érika Machado foi uma das que participou do festival em 2009 e já recebeu convite para tocar este ano novamente.

E não pense que é complicado conseguir um show lá fora. “A dica do SXSW chegou a partir da COMUM, que é a cooperativa dos músicos da qual faço parte. Fiz minha inscrição via internet e fui chamada!”, conta Érika, bem satisfeita. E também não é preciso uma estrutura complexa para fazer um show em outro país. “Eu e o Daniel, que toca guitarra comigo, fizemos um show de voz e violão dentro desse enorme festival de rock”, explica a cantora e compositora mineira.



A Digitaria, banda mineira de música eletrônica, teve seu primeiro disco distribuído na Europa pela Gigolo Records. “Em 2006, fomos convidados pelo Ministério da Cultura para sermos ‘embaixadores culturais’ na Alemanha, já que estavamos indo na época da Copa do Mundo. Obviamente aceitamos”, diz Daniel Albinati, vocal e teclados. Os integrantes alugaram um apartamento em Berlim, onde moraram por três meses.

Dentre várias histórias curiosas, Daniel conta que a Digitaria já tocou na fronteira da antiga DDR com a Polônia, num lugar onde o povo nunca tinha visto um show de música eletrônica ao vivo. Mas para Albinati a Colômbia foi o lugar mais inusitado onde a banda se apresentou “A tensão entre o estado e as FARC é uma coisa visível nas ruas. Você não anda dez metros sem ver um policial do exército com um fuzil nas mãos”, lembra.

Uai, como faço pra ir também?


Érika Machado aproveitou que estava em outro país, fez outra apresentção, deu entrevistas, divulgou a música nas rádios. “O artista tem que saber aproveitar as oportunidades que rolam na cidade e divulgar o trabalho online, como a inscrição no Sonicbids, que é um espaço na rede que você se inscreve e coloca uma pequena mostra do que faz. Eles te mandam diariamente sugestões para participar de muitos festivais”, recomenda.

Daniel Albinati acredita que o segredo é fazer contatos. “Já tentamos marcar os shows sozinhos, do Brasil, e não tivemos retorno. O ideal é procurar um parceiro lá fora, alguém que já entenda como as coisas funcionam e saiba quem é quem. Se a banda conseguir um selo, por menor que seja, para fazer um lançamento qualquer por lá já ajuda”.

Após marcados os shows, é preciso ficar atento às dificuldades e roubadas. “Na turnê Europeia tivemos problemas e não pudemos entrar na Inglaterra para tocar, pois a nossa agência nao tinha conseguido os vistos certos”, lamenta Daniel. Há também os pequenos problemas do dia a dia, e a língua estranha pode ser um empecilho. “Já demoramos quarenta minutos para comprar sal no supermercado, porque não pronunciavámos direito a palavra”.  Dificuldades à parte, no fim das contas tudo acaba sendo história pra contar quando estiver rodeado pelo amigos mineiros e pelo cenário de montanhas.

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