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2 de janeiro de 2008

2007!

Cansei de Ser Sexy, Bonde do Rolê, Vanguart, Terminal Guadalupe, Macaco Bong, Ludovic, Violins, Superguidis... se houvesse um prêmio "Top of Mind" realizado pelo Meio Desligado estes provavelmente seriam os vencedores. Ao relembrar o que aconteceu no rock independente brasileiro em 2007 esses são os primeiros nomes a vir à minha cabeça. Do sucesso internacional do CSS (que não é mais independente ou muito menos alternativo, mas teve origem nessa mesma cena) à explosividade dos shows do Ludovic realizados em porões minúsculos pelo país à fora, foi um grande ano para o circuito independente.

Macaco BongÉ clichê, mas não estão errados aqueles que dizem que vivemos um momento único. A cena independente deu um salto enorme rumo à sua consolidação e o crescente movimento de aproximação entre bandas e produtores de diversas regiões foi um dos destaques do ano. Lembrando deste assunto, é preciso dizer que 2007 foi o ano de Cuiabá. Qualquer pessoa que esteja um pouco ligada aos sons produzidos fora do mainstream ouviu, ao menos uma vez, sobre a cidade, seja devido ao trabalho exemplar do Espaço Cubo, seja pelo Vanguart ou o Macaco Bong (foto ao lado).

E ao pensar em Macaco Bong é inevitável dizer que se trata de um dos shows mais incríveis da atualidade e o meu favorito do ano. Mesmo tendo visto a banda duas vezes em um intervalo de dois ou três dias (no Festival Garimpo e no Minas Instrumental, do qual farei parte da equipe de produção este ano) e o som ser instrumental, não se tratou de forma alguma de uma experiência repetitiva. Conhecer a banda e dar uma voltinha com eles também foi altamente divertido.

CanastraContinuando na categoria "shows", outro nome marcante é o Ludovic. A cada show estão melhores e a resposta do público é cada vez mais extrema. 2007 também foi o ano em que vi meu show favorito n'A Obra (até o momento): Canastra (foto à direita). Presenciei outras apresentações da banda, mas aquela noite em si foi especial, show de lançamento do álbum Chega de Falsas Promessas em Belo Horizonte, público animado e conectado com a banda, super animado. E se em momentos como o referido show do Canastra o público foi excelente, o mesmo não se pode dizer das pessoas que compareceram a outro show marcante: Vamoz!, também na Obra. "Ensurdecedor" é a classificação perfeita para a massa sonora distorcida feita pelo trio, o legítimo rock satânico 90's (leia tudo e entenda). E eu não poderia deixar de citar que o vocalista e guitarrista da banda, Marcelo Gomão, disse que meu texto sobre esse show foi o "mais divertido e diferente" que escreveram sobre o Vamoz!. Niiiiiiice!

Como a internet permite e é a melhor forma de conhecer novas bandas, nunca baixei tanta música brasileira como nesse último ano, embora tenha escutado poucos álbuns completos. Na realidade, acredito que há um volume tão grande de música sendo produzida atualmente, em tal velocidade (tanto de produção como de veiculação e, porque não, consumo), que mais parece uma espécie de "nova era do single". Algo como conhecer uns cinco semi-hits por semana e permanecer na cabeça apenas com aqueles que realmente lhe significarem algo especial. De qualquer forma, os álbuns do Terminal Guadalupe (A Marcha dos Invisíveis) e do Canastra (Chega de Falsas Promessas) são muito bons e valem a pena a audição. Outros álbuns interessantes são os novos do Hurtmold e da Nação Zumbi, além da estréia do projeto solo de Lúcio Maia, o Maquinado, e do China. Deixe a preguiça de lado e procure, não acredite na crítica...

Chegando ao fim do texto, hora de abordar um dos assuntos mais importantes e que gera maior expectativa para 2008: dinheiro! Grandes empresas perceberam
(ou estão percebendo) não apenas a movimentação no underground e a qualidade crescente das bandas desta cena, como também se deram conta de que se trata de mais um mercado a ser explorado. Os exemplos mais óbvios são as empresas que financiam o download remunerado da TramaVirtual e o edital da Petrobrás para festivais de música, mas o assunto vai além, com iniciativas como a da cerveja Sol, patrocinando os festivais da Abrafin, o Prêmio Toddy e a Pepsi, que disponibiliou o catálogo do selo alternativo Amplitude para download em seu site e também abriu espaço para que novas bandas enviassem seus mp3.

Com maior circulação de dinheiro na cena, há a possibilidade de melhores gravações, melhor estrutura para os festivais e espera-se que ao menos a maior parte das bandas não precise mais pagar para tocar (Observação idiota: o que me lembra a versão demo de "Stay Away", do Nirvana, que se chamava "Pay to Play"). Obviamente, as coisas não se transformarão rapidamente, mas está claro que 2007 foi um dos melhores anos (se não, o melhor) para a música independente/alternativa brasileira e que finalmente podemos dizer que há uma cena independente no país, ativa e interessante.

Este texto termina aqui, mas espero ter muito assunto em 2008.

Fotos: Macaco Bong: Marcelo Santiago (a.k.a "eu") / Canastra: Rafa Zk

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