"Multiplicidade" é uma palavra recorrente quando se pensa na música moderna. São tantas as influências, técnicas e caminhos a seguir que é natural em alguns artistas que seja impossível se restringir a somente um estilo pré-determinado. Ao contrario do que possa soar como falta de identidade em alguns, no caso de Naná Rizinni essa variedade de gêneros explorados amplia a qualidade de seu trabalho e reflete o sentimento de uma geração guiada pela velocidade da internet, das tendências fugazes e de certo cosmopolitismo involuntário.
Na maior parte de seus 36 minutos, I Said, álbum de estreia da cantora e multiinstrumentista paulista, soa como o CD que o Cansei de Ser Sexy poderia ter feito após seu primeiro álbum homônimo, tanto pela semelhança no timbre de voz entre Naná e Lovefuckoxxx quanto pela sonoridade disco-punk/indie/rock/pop. Mas seria injusto limitar-se a essa comparação.
Mesmo sem saber de seu histórico como baterista, fica claro desde o início um talento especial para as batidas em I Said. E ao saber de seu histórico como baterista (integrante da banda da cantora Tiê) é surpreendente perceber seu talento como compositora. Quando se espera batidas eletrônicas lineares surgem detalhes percussivos que fogem do lugar-comum; quando se espera mais um electro-rock ela entrega um rockinho ao estilo Jovem Guarda; quando um riff no melhor estilo Nirvana abre uma faixa, é logo seguido por uma techneira para completar o remix de "Ciranda do incentivo", de Karina Buhr, que participa do CD, assim como Tiê e Edgard Scandurra.
Ouça "Nice figure, dangerous heart"
Ouça "Nice figure, dangerous heart"

Oremos por mais bons e divertidos trabalhos como esse. E que mais pessoas botem pra fuder na música brasileira.
Download gratuito do CD no site da Naná Rizinni.