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26 de agosto de 2008

MADA 2008 - Como foi

Por Eleanor [e Silva]

O MADA deste ano foi bom. Eu esperava mais de uma edição de 10 anos de festival. Infelizmente, a chuva e o frio da via costeira atrapalharam minha boa vontade de assistir alguns shows. De qualquer forma, isso não é culpa da produção, que, inclusive, mudou a data do festival para agosto para tentar se livrar delas. São Pedro é quem realmente não gosta de Jomardo Jomas. Eu me queixo é contra a escolha das bandas e, principalmente, sobre o fato de depois de uma década esse povo não ter aprendido ainda a fazer um “achados e perdidos” decente. Rodamos meio mundo, falamos com “n” seguranças e com quatro pessoas da produção para termos alguma resposta sobre quem ficava encarregado de cuidar dos objetos perdidos. Felizmente, às 4 da manhã, três horas depois do incidente, um amigo angustiado pôde respirar aliviado. De qualquer forma, sobre as bandas, eu já estava ciente de que metade delas me desagradariam. Quando não eram pobres em qualidade, eram em significância. Tudo muito lugar comum.

A quinta-feira foi o dia das potiguares Barbiekill e Brand New Hate e dos pernambucanos do Sweet Fanny Adams. Única banda de electro-rock de Natal, o Barbiekill lotou a tenda eletrônica e colocou todo mundo pra dançar e até cantar junto, empolgados pela performance energética e descontraída da banda. No palco principal, o Brand New Hate repetiu esse feito. Claro, com estilos diferentes. São bandas muito novas e com membros jovens, mas eles mandaram muito melhor que outros com anos de estrada. Se os potiguares só sabem reclamar de tudo o que é do estado, essas duas bandas mostraram que santo de casa pode fazer milagre sim. Já o Sweet Fanny Adams fez um bom show, mas me conquistou mais pelo revivalismo pós-punk à la Gang of Four. Já gostava das músicas, gostei do show.

MotosierraNão posso deixar de mencionar a apresentação mais insólita do MADA e daquela quinta-feira. Não gosto do Motosierra, mas não posso dizer que eles fizeram um show ruim. Ainda que eu ache tudo meio poser, eu tenho de admitir que o vocalista, Marcos Fernandez, é performático. Até demais. Ele achou pouco ter simulado sexo com uma moça no palco, então resolveu enfiar o microfone na bunda e balançá-la para a platéia. Foi demais para o “decoroso” público potiguar, que estava lá mesmo para ver performance do inssoso O Rappa. Começaram a estirar o dedo médio e insultar o homem.

A sexta-feira foi o melhor dia do festival, embora o melhor show só viesse no dia seguinte. Chegamos lá bem na hora da banda Lunares. O trio satisfez todas as minhas expectativas de um bom show, mas me surpreendi com a qualidade sonora do grupo ao vivo. O excesso de samples é que me incomodou um pouco. Algumas vezes viravam a base da música e acabavam gerando em mim um certo desconforto pelos músicos virarem expectadores da própria música. De qualquer forma, nada me causou mais vergonha alheia que aquela valsinha do vocalista Rodrigo Lacerda com sua guitarra enquanto os samples soavam. [Silva: Eu achei a valsinha fofinha, tem gente que faz coisa pior em shows. Achei o som agradável, mas gostei muito mais da “prévia” deles no show que teve lá no teatro Sandoval Wanderley. Destaque para o público mínimo e as groupies enlouquecidas e seu estilo “ilare ilariê” na frente do palco].

Ficamos à toa até chegar a hora do show de Madame Mim na tenda eletrônica. O show faz jus à fama. A platéia - e eu - estava enlouquecida, extasiada. Como esperado, ela não parava quieta. Houve quem pedisse para ser espancado por ela no meio do show. Mas eram os seguranças ridículos que nos machucavam. Ela foi uma simpatia, chegou a descer do palco e dançar conosco durante um bom tempo. [Silva: Dou 10,0 para o show dela. O DJ era lindo também (hahaha, eu precisava comentar isso). Muito contagiante o show dela. Havia gente gritando desesperadamente, outros alegres, dançando, isso que é vida. 10,0 para a simpatia dela em descer do palco para dançar com o público. Ela talvez tenha sido a revelação desse MADA, digo, revelação para mim].

Depois de um tempo para descansar e jogar Wii na tenda de jogos, voltamos para o palco principal. Hora do Curumin. Infelizmente, o show foi prejudicado por problemas no som. Demorou para começar e, quando começou, começou se arrastando. Por mais que ele tentasse animar o público, as pessoas o receberam com sua habitual apatia. Foi melhorando, mas não passou de um show mais ou menos. Eu esperava mais, apesar de gostar da música dele. [Silva: Foi muito bom. Infelizmente o público de Natal não é para um show desse estilo, se tivessem 20 pessoas curtindo mesmo o show era muito].

Depois dele, os Autoramas subiram ao palco. O que faltou de público e de animação no show do Curumin, aqui sobraram. A multidão de adolescentes que surgiu do nada foi ao delírio. Era difícil não se empolgar com o rock dançante e a performance deles. [Silva: Não gostei. Achei uma bandinha muito “infantil” e não me apresentaram nada que eu já não tenha visto em Natal ali pela Ribeira. Mas sempre tem gente que gosta, não é verdade? E sinceramente, praticamente o MADA inteirinho. Não foi muito difícil ver gente se esmagando em frente ao palco e cantando suas músicas não]. Eu cantei várias.

Mas o melhor show da noite foi mesmo o do Pato Fu. Há anos desejava ir a um show deles e não conseguia. Para minha alegria, superou qualquer expectativa que eu tivesse. Fernanda Takai tem um domínio de palco surreal, mesmo com aquele jeitinho sereno dela. Para alegria geral, eles tocaram todos os hits e desenterraram algumas músicas do primeiro álbum. Um dos momentos mais legais foi o jogo de luz vermelha, os chifrinhos e a alteração de voz na hora de “Capetão 66.6 FM”. [Silva: Muito bom. O show é divertidíssimo, tocaram as músicas certas nas horas certas. A Takai é linda e muito fofa. A banda foi simplesmente muito boa. Valeu a pena assistir um show deles.]

Na hora do Lobão eu estava aos cacos e vi que era hora de ir para casa. Mas ainda deu para rir da abertura com a música do Chapeuzinho Vermelho. Momento vergonha alheia II. [Silva: No início com aquela coisa toda da Chapeuzinho Vermelho pensei que estavam tirando onda com a cara do bicho, mas foi muito legal a entrada. Infelizmente estava com fome, cansada e com os pés doendo, mas pelo pouco que pude assistir de longe, vi que Lobão é muito bom naquilo que faz, espero que tenha outra oportunidade de assistir ao seu show].

Mallu MagalhãesNo dia seguinte, o último de MADA, cheguei atrasada e perdi as duas primeiras bandas. A terceira [Macanjo] me deu calafrios e quando a quarta [Falcatrua] subiu ao palco, eu notei que havia enjoado de todas as músicas e não suportava mais a banda. Mas aí aquela menina, que parecia realmente uma criança num palco enorme, começou a tocar seu banjo e a cantar com sua voz doce e deixou boa parte da platéia de boca aberta. Sim, o show da Mallu Magalhães foi um dos melhores da noite. Ela parecia nervosa, mas não é à toa. É preciso muita coragem para enfrentar aquela multidão. Pode não ter sido o show mais esperado do público ali presente, mas havia sim uma grande expectativa. Felizmente, eu pude sorrir como uma idiota durante o show inteiro, cantar quase todas as músicas, e quase enfartar quando ela tocou “I’ve Just Seen A Face” dos Beatles. Agora quem tinha dúvidas comprovou: a menina é realmente talentosa.

Finalmente o show mais esperado da noite e o melhor da festa de 10 anos do MADA. Cordel do Fogo Encantado transformou a arena do Imirá Plaza num terreiro e fez chover. Literalmente. Se a maioria do público já estava arrebatado antes mesmo da primeira música, quando o batuque começou, o santo baixou de vez. Foi uma das apresentações mais viscerais da história do MADA. De arrepiar. Só vendo o show deles mesmo para saber.

Depois veio o show do Josh Rouse e o público sumiu. Fiquei lá no temporal, mas não tenho idéia se eu gostei da apresentação ou não. Meu cérebro parou com o frio e, na hora do Seu Jorge, eu decidi procurar o caminho da minha cama antes que eu acabasse com hipotermia. Maldita chuva.



[Meus agradecimentos à dupla Eleanor e Silva, do blog ENM, que se dispuseram a relatar as experiências do Mada deste ano. Ficou muito bom!]

Fotos
Mallu Magalhães: xpipax
Motosierra e Barbiekill: Débora Ramos

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