Frito na Hora, Thiago Delegado, Festejo do Tambor Mineiro e Mimo - Ouro Preto são os projetos selecionados na mais recente edição do edital Natura Musical, programa de patrocínios culturais da Natura. Escolhidos entre os 349 projetos inscritos, esses projetos dividirão R$ 1 milhão de patrocínio.
O Frito na Hora, grupo percussivo de improvisação, gravará um DVD resultante de cinco shows, cada um deles com um diretor diferente; o violonista Thiago Delegado irá lançar seu segundo CD solo, Via mundo; o Festejo do Tambor Mineiro vai comemorar 10 anos do evento que celebra a cultura afro-mineira; e a Mimo, originalmente Mostra Internacional de Música em Olinda, estreará sua edição mineira em Ouro Preto, onde acontecerão 8 shows ao estilo da versão pernambucana do festival, com shows em igrejas, museus e praças.
Frito na Hora ao vivo, em parceria com a banda instrumental Dibigode
Thiago Delegado em entrevista e trecho de show
A escolha da Mimo como uma das patrocinadas foi o ponto polêmico do edital. Além da redução no número de projetos selecionados, incluir um projeto já estabelecido e criado em outro Estado destoa do fomento e valorização da música mineira proferido pelo Natura Musical. E apesar dos valores destinados a cada projeto não serem divulgados, basta analisar os valores aprovados na Lei Estadual de Incentivo à Cultura de MG para perceber que o festival, sozinho, ficará com praticamente metade do valor do patrocínio destinado ao edital regional do Natura Musical. O projeto de Thiago Delegado foi aprovado a captar R$ 136.206,40; o Frito na Hora, R$ 194.400; o Festejo do Tambor Mineiro, R$ 130.930,80; e a Mimo aprovou R$ 310.000 que, somados ao valor da contrapartida obrigatória (20% do valor total do projeto, sendo que nessa porcentagem a empresa patrocinadora não tem dedução de imposto) chega próximo da quantia de R$ 400.000, quase 40% do valor do edital.
A Lei de Incentivo à Cultura de Minas Gerais é uma das mais elogiadas do país, tida como uma das que possui melhor funcionamento. Além de atrair empresas interessadas em patrocinar projetos culturais através da isenção fiscal, a Lei tem chamado atenção de empresas e projetos de outros Estados. O festival MADA - Música Alimento da Alma, realizado em Natal/RN desde 1998, é um deles. Em 2012, aprovou R$ 285.000 na lei de incentivo mineira para realizar uma edição em Belo Horizonte.
Não se trata de ilegalidade alguma no que se refere a esses projetos originados em outras regiões do país serem aprovados na lei mineira (uma vez que os proponentes são empresas sediadas em MG), mas a crescente presença dos mesmos pode vir a gerar um efeito negativo que limita os recursos para o surgimento de proposta mineiras originais. Por outro lado, a inserção no mercado mineiro de iniciativas já bem-sucedidas em outros Estados pode ser benéfica à cultura local justamente por fazer uso da experiência obtida fora para apresentar projetos de qualidade técnica e artística ao público e ao próprio mercado mineiro. De uma forma ou de outra, vale a reflexão.